Internacional
Quase toda população de Gaza corre risco de ficar sem água, diz ONU; já há 1 milhão de deslocados no enclave
As três usinas de dessalinização de Gaza, que produziam 21 milhões de litros de água potável por dia, paralisaram suas operações pea falta de combustível após imposição de cerco total por Israel
Ao menos 2 milhões de pessoas estão sob risco de ficar sem água na Faixa de Gaza, alertou a ONU neste sábado. “Tornou-se uma questão de vida e morte", disse em um comunicado Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência da ONU que dá assistência aos palestinos. “Combustíveis precisam ser entregues para deixar água disponível para 2 milhões de pessoas", acrescentou. Segundo a agência, as pessoas estão tendo de recorrer a água suja de poços, aumentando o risco de doenças.
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As três usinas de dessalinização de Gaza, que produziam 21 milhões de litros de água potável por dia, paralisaram suas operações como resultado da falta de combustível depois que Israel impôs um "cerco completo" no enclave, controlado pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas, autor do pior ataque em solo israelense em 50 anos, há uma semana, que deixou mais de 1,3 mil mortos. Além disso, Israel cortou o suprimento de água potável em 9 de outubro, disse a ONU.
Quase 1 milhão de pessoas — ou cerca de metade dos 2,2 milhões de moradores locais — foram desalojadas desde que o conflito começou, há oito dias. No fim da noite de quinta-feira, o Exército de Israel pediu que mais de 1 milhão de residentes do norte de Gaza se dirigissem para o sul do enclave densamente povoado, em antecipação a uma possível ofensiva terrestre.
O primeiro prazo, segundo a ONU, foi até a meia-noite de sábado (18h de sexta-feira em Brasília). Nesse período, Israel não iniciou sua grande ofensiva terrestre, mas fez incursões pontuais no território para buscar reféns sequestrados pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas durante os ataques de 7 de outubro.
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Neste sábado, um novo prazo foi dado para a retirada dos civis, até às 16h locais (10h em Brasília). A ordem de retirada inclui toda a Cidade de Gaza, que tem 700 mil habitantes, e dois grandes campos de refugiados: Jabalia e Beach Camp.
Mesmo antes da ordem de retirada, mais de 400 mil pessoas tinham sido forçadas a se deslocar em Gaza devido a bombardeios de retaliação de Israel. “Só nas últimas 12 horas, centenas de milhares de pessoas ficaram desalojadas", disse a ONU na plataforma X.
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As dezenas de milhares de famílias deslocadas estão amontoadas em escolas e hospitais no sul, enquanto outras se aglomeram em casas de amigos e familiares. Muitos mais estão dormindo nas ruas, mesmo enquanto os ataques aéreos israelenses, inclusive no sul de Gaza, continuam. Também enfrentam dificuldades para encontrar comida, água ou abrigos.
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— Uma luta pela vida aqui — disse ao New York Times Zeina Ghanem, moradora de Gaza, falando na manhã deste sábado a partir de um centro no sul de Gaza administrado por uma agência das Nações Unidas. — Não há comida. Não há água. Não há sono.
Segundo autoridades de Gaza, ao menos 70 pessoas morreram na sexta quando ataques aéreos israelenses atingiram um comboio de veículos que fugia para o sul. A rede BBC verificou dois vídeos sobre o ataque, afirmando que conseguiu contar ao menos 12 corpos, em sua maioria de mulheres e crianças pequenas. As Forças de Defesa de Israel disseram que investigam o caso, afirmando, porém, que seus inimigos tentam evitar que os civis fujam do norte.
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