Internacional

Ameaça de bomba no Louvre, protestos e ataque com faca: França vive tensões durante crise em Gaza

Museu mais famoso do mundo fechou as portas neste sábado por situação de segurança, e governo francês declarou alerta máximo de segurança e mobilização de 7 mil soldados

Agência O Globo - 14/10/2023
Ameaça de bomba no Louvre, protestos e ataque com faca: França vive tensões durante crise em Gaza

A França declarou alerta máximo e mobilizou 7 mil soldados para reforçar a segurança em diferentes regiões do país neste sábado, um dia depois de um ataque a faca contra uma escola, diante do temor de que atos terroristas se multipliquem com o acirramento do conflito entre Israel e Hamas no Oriente Médio — uma preocupação constante em um país marcado pela violência do extremismo islâmico.

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O nível de alerta e os acontecimentos recentes aumentaram o nível de preocupação com a insegurança. Neste sábado, o Museu do Louvre foi esvaziado e fechou as portas após uma ameaça de bomba, forçando milhares de visitantes a deixarem o local apressadamente.

"O Louvre recebeu uma mensagem escrita, informando sobre um risco para o museu e para seus visitantes", e "optamos por esvaziá-lo e fechá-lo durante todo o dia, momento essencial para proceder à verificação", disse um porta-voz da instituição à AFP, após o anúncio do fechamento.

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O histórico de terrorismo na França ocupa um espaço na memória coletiva do país. Ataques jihadistas deixaram um grande número de vítimas nos últimos anos, criando uma associação quase imediata entre símbolos culturais franceses, como o jornal satírico Charlie Hebdo e o teatro Bataclan, a atentados terroristas célebres. Diversos outros casos menos famosos, mas também letais, deixaram um rastro de morte em Paris, Nice e outras cidades do país.

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Foi por essa carga histórica que o conflito entre Hamas e Israel, no Oriente Médio, elevou as preocupações francesas com a segurança interna desde a semana passada. O nível mais elevado de alerta, no entanto, só foi decretado neste sábado, após um ataque a faca contra uma escola no dia anterior. A promotoria antiterrorismo da França abriu uma investigação contra um russo de origem chechena na casa dos 20 anos, que matou um professor e feriu três funcionários da instituição onde estudou, na cidade de Arras, que tem grandes comunidades judaica e muçulmana.

De acordo com serviço de Inteligência Interna DGSI, o russo era vigiado "ativamente", mas as escutas dos últimos dias não indicavam nenhum preparativo para um ataque. Após sua prisão, oito pessoas, incluindo familiares dele, foram detidas (um de seus irmão já estava preso desde 2019). Relatos do local dão conta de que ele teria dito a frase "Allah Akbar" (Alá é grande, em tradução livre), expressão de fé usada por muçulmanos, repetida por jihadistas após ataques. O ministro do Interior, Gérald Darmanin, disse não haver dúvidas de que há "um vínculo entre o que aconteceu no Oriente Médio e a decisão de atacar".

O presidente francês, Emmanuel Macron, condenou o ato como "terrorismo islâmico" e autorizou a mobilização dos soldados, policiais e guardas, que deve ficar completa na segunda-feira. Na escola em Arras, Macron afirmou que o professor morto "provavelmente salvou muitas vidas" ao bloquear a passagem do terrorista para outras áreas da escola.

Um dia antes do ataque, Macron fez um discurso à nação, afirmando que 582 instalações religiosas e culturais receberiam proteção policial reforçada após o ataque do Hamas a Israel. Também na quinta, Darmanin proibiu a realização de manifestações pró-Palestinas na França até novo aviso, alegando que "são suscetíveis a gerar distúrbios à ordem pública".

A ordem, contudo, não foi suficiente para impedir que centenas de pessoas se reunissem em Paris e outras cidades francesas, gritando slogans pró-palestinos e anti-Israel. A polícia de Paris precisou usar gás lacrimogêneo para dispersar os populares e disse ter prendido 10 das cerca de 3 mil pessoas presentes.

De acordo com a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, há a confirmação de 15 franceses mortos em Israel, além de "desaparecidos (...) e talvez reféns também". Um balanço anterior indicava 17 desaparecidos, incluindo 4 crianças.