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Homens, artilharia e inteligência: entenda as diferenças de poderio militar entre Israel e o Hamas

Com força bélica inferior, grupo extremista utilizou táticas de inteligência para surpreender o exército vizinho, mais numeroso em homens e equipamentos; veja infográfico

Agência O Globo - 12/10/2023
Homens, artilharia e inteligência: entenda as diferenças de poderio militar entre Israel e o Hamas

A fase atual do conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas se aproxima de completar uma semana e não há sinais de um cessar-fogo ou de resoluções iminentes. O exército israelense mantém de pé a operação Espadas de Ferro e vem exercendo seu poderio militar em cerco contra o grupo na Faixa de Gaza. Com muito menos força bélica (entre o que é conhecido), o Hamas, por sua vez, se infiltrou em territórios e sequestrou reféns, seguindo estratégias já utilizadas antes, mas incrementadas no ataque de sábado. Uma guerra marcada por táticas que ajudam a contornar essa diferença de forças.

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No ataque de sábado, por exemplo, o Hamas teria conseguido, segundo especialistas, superar em alguns pontos e momentos a defesa do Domo de Ferro, o sistema antiaéreo israelense que detecta e elimina mísseis e foguetes em raios de 4 a 70 quilômetros de distância. As Forças de Defesa de Israel (IDF) não confirmam de forma exata, mas os bombardeios simultâneos, em grandes quantidades e de direções diferentes teriam ajudado a sobrecarregar o sistema.

Taticamente, a movimentação nas fronteiras contou com uso de drones que cortaram comunicações e sistemas remotos antes da invasão do território, o que surpreendeu a IDF, segundo relatos dados ao jornal americano New York Times. Publicamente, há poucos registros dos equipamentos militares do Hamas, que, naturalmente, não deixa públicas informações sobre seu arsenal. Há informações de pelo menos cinco principais tipos de mísseis e foguetes já utilizados ao longo dos últimos anos no conflito, como os da série Fajr e Qassam, além de outros de maior alcance. Munições que têm o Irã como origem suspeita.

Segundo a IDF, o grupo já disparou mais de 5 mil mísseis contra alvos israelenses desde sábado, matando 169 soldados do país. As forças também afirmam que já atingiram mais de 2.600 alvos terroristas na Faixa de Gaza. Por outro lado, alegam que detectaram disparos de mísseis vindos do Líbano, território de outro grupo extremista alinhado com o o Hamas: o Hezbollah.

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Uma participação intensa do grupo poderia diminuir as diferenças, ao menos em número, entre as duas forças: de acordo com dados abertos da CIA, o Hamas conta com 20 a 25 mil integrantes, incluindo o braço armado, a Brigadas Izz al-Din al-Qassam. O Hezbollah, de 45 a 100 mil. Mas o envolvimento entre os grupos e a participação de fato desses efetivos é proporcionalmente incerta. Do outro lado, Israel tem exército estimado em 170 mil soldados da ativa, com mais de 400 mil na reserva — cerca de 300 mil foram convocados, maior movimentação do gênero.

As forças israelenses, que nas últimas décadas investiram fortemente em tecnologia de segurança, têm amplo arsenal de caças, tanques e embarcações, mas que naturalmente não é empregado em sua totalidade no conflito, hoje concentrado nos arredores de Gaza. O Hamas, por sua vez, conta com o intrínseco sistemas de túneis que ajudaria na produção e transporte de armamento, mas que tem bloqueios nas fronteiras. Desde sábado, também mostra ter reunido inteligência suficiente sobre as defesas de Israel para surpreender no confronto.

O conflito já deixou mais de 2 mil pessoas mortas. Cerca de 1.200 no lado israelense e 900 no lado palestino na Faixa de Gaza. O Conselho de Segurança da ONU deve se reunir nesta sexta-feira para debater medidas relativas ao confronto.