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Debate na Argentina: Milei e Bullrich se solidarizam com Israel

O candidato da extrema direita, favorito para o primeiro turno, em 22 de outubro, negou defender a liberação do porte de armas e a venda de órgãos, e assegurou que em seu eventual governo a Argentina não vai aderir à Agenda 2030 da ONU

Agência O Globo - 09/10/2023
Debate na Argentina: Milei e Bullrich se solidarizam com Israel
Debate na Argentina: Milei e Bullrich se solidarizam com Israel - Foto: Reprodução

Os candidatos presidenciais argentinos participaram, neste domingo, do segundo debate prévio ao primeiro turno do pleito, no dia 22 de outubro. Os dois principais candidatos da oposição, Javier Milei, da extrema direita, e Patricia Bullrich, da aliança Juntos pela Mudança, liderada, entre outros, pelo ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), iniciaram suas falas se solidarizando com Israel, um dia depois do ataque terrestre, marítimo e aéreo ao país lançado por combatentes do grupo extremista armado Hamas — a invasão mais ampla em 50 anos.

Já o candidato do governo, o ministro da Economia, Sergio Massa, disse que se solidariza “com as vítimas do terrorismo”, e, em caso de ser eleito presidente, incluirá o Hamas na lista de grupos terroristas assim considerados pela Argentina. No caso de Milei, o apoio a Israel era esperado já que o candidato do partido A Liberdade Avança assegurou ao longo de toda a campanha que se vencer o pleito se alinhará com o país atacado e com os Estados Unidos.

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Milei reiterou um diagnóstico dramático para a situação social e econômica da Argentina:

— Nosso país está à beira de uma hiperinflação, com indicadores sociais piores dos que tínhamos na crise de 2001 —.

O candidato da extrema direita foi duro em seus ataques a Massa e Bullrich. No caso do candidato peronista, Milei disse que seu governo é genocida pelos cerca de 130 mil argentinos que morreram durante a pandemia da Covid-19. Já a candidata da Juntos pela Mudança foi “uma montonera assassina”, em referência ao grupo guerrilheiro Montoneros, braço armado da esquerda peronista, que atuou intensamente na década de 70. Por esta acusação, Bullrich fez uma denúncia judicial contra Milei.

Um dos temas tratados no segundo debate foi a segurança, pilar dos programas de governo dos candidatos da oposição. O candidato da extrema direita negou que defenda a liberação da posse de armas, respondendo a uma provocação de Bullrich.

— A senhora mente sobre as coisas que digo. O que nós dizemos é que existe uma lei de armas, que deve ser cumprida. Não podem estar armados os delinquentes e os honestos não —.

Milei também negou, após uma alfinetada da candidata da Juntos pela Mudança, que esteja de acordo com a venda de órgãos. O candidato da Liberdade Avança assegurou, ainda, que não nega as mudanças climáticas, mas afirmou que "as políticas que culpam os seres humanos [pela deterioração do meio ambiente] são falsas”. Milei disse, também, que se for presidente da Argentina o país não vai aderir à  Agenda 2030, baseada nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

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O candidato da extrema direita tem suavizado propostas e posturas que exibiu no início da campanha. Segundo comentaram publicamente alguns de seus assessores, a moderação é natural num candidato que tem altas chances de vencer a eleição e precisa ampliar sua base de apoio.

A candidata da Juntos pela Mudança, que foi ministra da Segurança do governo de Mauricio Macri (2015-2019), assegurou ser a única que sabe o que deve ser feito para reduzir a insegurança no país.

— Nós sabemos quem temos de defender, eles [os governos kirchneristas] liberam presos. Milei quer liberar as armas, e essas armas vão terminar nas mãos dos narcotraficantes. Se for necessário, com o apoio das Forças Armadas — disse Bullrich.

A candidata da aliança Juntos pela Mudança intensificou os ataques ao kirchnerismo e disse a Massa, em reiteradas oportunidades, “que chegou a hora de deixar de roubar”. Bullrich mencionou as denúncias de corrupção que envolvem funcionários kirchneristas, entre eles a vice-presidente Cristina Kirchner.

Massa voltou a pregar a necessidade de um governo de unidade nacional, e, diante dos ataques recebidos por parte da candidata da Juntos pela Mudança por recentes escândalos de corrupção envolviendo funcionários kirchneristas, assegurou ter atuado de forma contundente pedindo a renúncia dos acusados.

Um dos momentos quentes do debate foi quando o candidato peronista acusou Milei de atacar as mulheres, quando pensam diferente. A resposta de Bullrich foi enfática:

— Massa, não precisamos que você nos defenda, sabemos fazê-lo muito bem sozinhas —.