Brasil

O valor gasto com cada uma das viagens de Lula a 21 países

Ao todo, governo gastou R$ 44,8 milhões com viagens internacionais desde o início do ano, segundo dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informaçã

Agência O Globo - 08/10/2023
O valor gasto com cada uma das viagens de Lula a 21 países
Lula - Foto: Ricardo Stuckert/PR

Desde o início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gastou ao menos R$ 45 milhões com viagens internacionais, e a viagem mais cara foi a da China, em abril. Em seguida, vem a viagem feita a Portugal e Espanha, também em abril.

Dados obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação mostram que as despesas extras, como aluguel de veículos, locação de salas de apoio e contratação de intérpretes somam R$ 16,6 milhões, o que representa 35% do valor.

Quanto Lula gastou em cada viagem

Até agora, Lula visitou 21 países. A viagem mais cara foi para a China, com um gasto total de R$ 6,7 milhões. Nos três dias em que ficou lá em abril, Lula participou da posse da ex-presidente Dilma Rousseff no comando do Banco dos Brics e fez uma série de reuniões, entre elas com o presidente Xi Jinping, com o chefe do Congresso Nacional do Povo, Zhao Leji, e com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang.

Transparência

A viagem ao país asiático também é a que teve mais gastos extras, cerca de R$ 2,5 milhões — em torno de 37% das despesas totais da viagem. A lista de gastos adicionais inclui cerca de R$ 134 mil em serviço de coquetel; R$ 996 mil em aluguel de carro, além de R$ 425 mil com intérprete.

Embora a comparação não seja precisa, pois inclui roteiros e base de dados diferentes, o ex-presidente Jair Bolsonaro também foi à China, num tour pela Ásia no qual passou ainda por Japão, Emirados Árabes, Catar e Arábia Saudita em 2019, no primeiro ano de mandato. A despesa na ocasião foi de R$ 1,29 milhão (em valores corrigidos pela inflação) em dez dias de viagem, como mostrou o site Poder360 à época. A cifra, contudo, não incluiu os gastos do Itamaraty.

Renato Morgado, da ONG Transparência Internacional Brasil, destaca que os gastos eram esperados já que Lula tem uma agenda de viagens mais intensa que seus antecessores. Ele pondera, contudo, ser necessário analisar como os recursos foram efetivamente utilizados.

— Informações sobre os gastos com hospedagem, alimentação, deslocamento, listas de participantes das comitivas, atividades realizadas, dentre outras, devem estar disponíveis de forma pública e atualizada. Dessa forma, é possível identificar despesas pouco razoáveis ou eventuais irregularidades.

Em segundo lugar aparece a viagem para Portugal e Espanha, também em abril, com um gasto de R$ 5,9 milhões. Na ocasião, Lula se reuniu em Lisboa com o presidente português Marcelo Rebelo e com o primeiro-ministro António Costa, encontrou empresários e participou da entrega do Prêmio Camões ao compositor Chico Buarque. Em Madri, teve um encontro com representantes de centrais sindicais locais, se reuniu com o presidente Pedro Sánchez e foi recebido pelo rei Felipe VI.

O EXTRA considerou para o levantamento dados do Itamaraty com o pagamento de diárias e passagem de funcionários da pasta, das comitivas, custos com hospedagem e os gastos extras. O cálculo inclui ainda as despesas com o cartão corporativo da Presidência da República. Os valores foram convertidos para o real tomando como base a cotação atual da moeda americana.

Gastos com hospedagem

Além dos custos extras, as hospedagens representaram o maior gasto das viagens de Lula, com R$ 15,8 milhões (35% do total). As despesas pagas com cartão corporativo, que costumam ser usadas para alimentação e outros tipos de gastos eventuais, representaram R$ 5 milhões (11%). A Presidência, contudo, divulga apenas os valores das faturas dos cartões usados pelo presidente, sem o detalhamento do que foi comprado, sob justificativa de preservar a segurança do chefe do Planalto e seus familiares. A Força Aérea Brasileira (FAB) também mantém sigilo sobre o custo de transporte no avião oficial.

Com mais visitas a outros países, Lula reduziu as viagens nacionais em relação a mandatos passados. As agendas pelo país, por sua vez, custaram cerca de R$ 10,8 milhões ao governo.