Internacional
Tribunal do Reino Unido se declara 'incompetente' para julgar acusações de ex-amante contra rei emérito da Espanha
Magistrada do Alto Tribunal da Inglaterra e Gales determinou que a acusação não 'estabeleceu suficientemente' a ocorrência dos fatos no país

A justiça do Reino Unido se declarou incompetente para julgar a batalha judicial entre o rei emérito da Espanha, Juan Carlos, e sua ex-amante, Corinna zu Sayn-Wittgenstein-Sayn, que pede 126 milhões de libras [R$ 793 milhões] por acusação de assédio.
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Denunciando ameaças, invasões, monitoramento, hacking e difamação, a empresária dinamarquesa de 58 anos, também conhecida pelo nome de solteira, Corinna Larsen, entrou com uma ação civil em 2020 em Londres, onde residia. Segundo ela, o rei emérito, agora com 85 anos, com quem teve uma relação extraconjugal entre 2004 e 2009, a assediou desde 2012 procurando recuperar "presentes" no valor total de 65 milhões de euros [R$ 354 milhões].
Na decisão judicial, a juíza Rowena Collins Rice concluiu que o “Alto Tribunal da Inglaterra e Gales não dispõe de competência jurisdicional para julgar” o caso. A magistrada frisou que a denunciante não "estabeleceu suficientemente” que os acontecimentos ocorreram na Inglaterra.
Em nota divulgada pela agência Publicis, Juan Carlos comemorou a decisão que “como era de se esperar, confirma sua inocência” e abre caminho para “novas aparições públicas” do rei emérito.
Corinna Larsen, que é divorciada de um príncipe alemão, manifestou decepção após a divulgação da decisão. Em uma mensagem enviada por seus advogados, a empresária afirmou estar “profundamente decepcionada com a decisão proferida neste caso”. Larsen disse ainda que poderá recorrer. “A intimidação e assédio a mim e meus filhos continuam e tem o objetivo de destruir-me por completo. Juan Carlos ”, afirmou.
Juan Carlos utilizou todo o seu arsenal para me esmagar e a extensão do seu poder é imensa. Estou considerando todas as opções”, afirmou.
O rei emérito, pai do atual rei espanhol Felipe VI, nega “enfaticamente” as acusações. A defesa de Juan Carlos vinha tentando evitar o julgamento havia dois anos. Argumentavam que, como então chefe de Estado e membro da Casa Real, não poderia ser julgado na Inglaterra, o que foi aceito, em dezembro passado, por três juízes do Tribunal de Recurso de Londres, embora reconhecendo o argumento apenas até a sua abdicação em junho de 2014.
A acusação, no entanto, alegava que o suposto assédio foi mais grave a partir dessa data, quando, privado do cargo, teria intensificado a tentativa de reaver os bens.
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Escândalos e exílio
Nomeado chefe de Estado em 1975 com a morte do ditador Francisco Franco, que o nomeou seu sucessor, Juan Carlos I foi um monarca respeitado e amado por grande parte dos espanhóis, pelo papel importante no retorno da democracia na Espanha.
A reputação dele foi manchada por uma avalanche de escândalos, a partir de 2012, incluindo a revelação do relacionamento extraconjugal com Larsen.
Em junho de 2014, Juan Carlos acabou abdicando em favor do filho. Acusações de desvio de recursos o levaram a deixar a Espanha, em agosto de 2020, quando se mudou para os Emirados Árabes Unidos, com o argumento de que pretendia “facilitar” os trabalhos do sucessor.
O Ministério Público espanhol acabou arquivando as investigações sobre a origem suspeita de sua fortuna em março de 2022. A justiça suíça também encerrou uma investigação sobre seus bens no ano seguinte.
Felipe VI tem procurado manter distância dos problemas envolvendo o pai. Em março de 2020, o rei espanhol renunciou à herança a que teria direito e abriu mão de um subsídio anual de quase 200.000 euros. (Com AFP)
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