Internacional

Rússia aumenta orçamento de Defesa em quase 70% enquanto Ucrânia pede mais armas ao Ocidente

Zelensky quer reforço da defesa antiaérea por temor de ataques russos a infraestruturas de energia durante meses de inverno

Agência O Globo - 28/09/2023
Rússia aumenta orçamento de Defesa em quase 70% enquanto Ucrânia pede mais armas ao Ocidente
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A Rússia anunciou nesta quinta-feira um aumento robusto em seu orçamento de Defesa para enfrentar o que classificou como uma "guerra híbrida" travada contra Moscou na Ucrânia. O anúncio da elevação de quase 70% nas verbas destinadas ao setor no próximo ano fiscal ocorreu simultaneamente à chegada a Kiev do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e de outros aliados ocidentais para discutir o reforço da ajuda militar aos ucranianos.

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Em Moscou, o Kremlin confirmou o aumento de 68% no orçamento da Defesa para o ano fiscal de 2024, que vai alcançar 10,8 trilhões de rublos [R$ 563 bilhões de reais].

— É claro que este aumento é necessário, absolutamente necessário, porque estamos em um estado de guerra híbrida, estamos continuando a operação militar especial — disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, à imprensa. —Refiro-me à guerra híbrida que se trava contra nós e isso exige gastos elevados — explicou

A área de Defesa representará cerca de 30% dos gastos federais totais em 2024 e 6% do PIB, algo incomum na história da Rússia pós-soviética — e um sinal da determinação de Moscou de persistir na ofensiva iniciada em fevereiro de 2022. Atualmente, o Exército russo se encontra entrincheirado no leste e no sul da Ucrânia.

'Delírios imperialistas'

A ofensiva ucraniana para recuperar territórios tomados pela invasão russa se arrasta lentamente, com poucos resultados e extremo desgaste para os dois lados. A Ucrânia quer mais ajuda dos parceiros internacionais.

Nesta quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, recebeu em Kiev o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e os ministros da Defesa francês e britânico, Sébastien Lecornu e Grant Shapps. Kiev sedia na sexta um fórum internacional focado na indústria de Defesa.

Ao lado de Zelensky, Stoltenberg atacou o que chamou de "delírios imperialistas" de Moscou e afirmou que os ucranianos "lutam por suas famílias" e "por sua liberdade". O chefe da aliança militar ocidental encabeçada pelos EUA também comemorou progressos recentes, embora limitados, da contraofensiva ucraniana, tanto no leste como no sul.

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— Suas forças estão avançando. Enfrentam combates ferozes, mas estão ganhando terreno pouco a pouco — disse Stoltenberg.

O norueguês destacou que, desde o início do conflito, uma coalizão de cerca de 50 países ofereceu em torno de US$ 100 bilhões [R$ 502 bilhões] em ajuda militar à Ucrânia, metade fornecida pelos Estados Unidos.

Medo do inverno

Zelensky insistiu que seu país precisa de mais meios antiaéreos para enfrentar os "ataques russos às infraestruturas energéticas". O presidente ucraniano teme que Moscou volte a atacar, como fez no ano passado, infraestruturas energéticas vitais para que milhões de ucranianos enfrentem as baixas temperaturas.

— O secretário-geral concordou em se esforçar para nos ajudar — disse Zelensky, completando que Stoltenberg falou em "mobilizar os membros da aliança", disse Zelensky.

O ministro da Defesa francês, Sébastien Lecornu, chegou nesta quinta-feira a Kiev acompanhado de representantes de empresas do setor, para falar sobre a evolução da ajuda francesa à Ucrânia .

O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, também recebeu o seu homólogo britânico, Grant Shapps, e disse estar "concentrado" na questão da defesa antiaérea, da artilharia e dos sistemas antidrones de que Kiev tanto precisa.

"O inverno está chegando, mas estamos prontos. Juntos somos mais fortes", escreveu Umerov na rede social X [antigo Twitter].

Quanto ao projeto da Ucrânia de aderir à Otan, Zelensky afirmou que é "uma questão de tempo". Stoltenberg disse que a Ucrânia está "mais próxima da Otan do que nunca", embora nenhum calendário de adesão tenha sido anunciado. Para a Rússia, a perspectiva de seu vizinho aderir à Otan é uma linha vermelha e uma das justificativas do presidente russo, Vladimir Putin, para lançar a ofensiva em grande escala contra o país.