Internacional
Entenda o que é a ameaça de 'apagão' no governo dos EUA com impasse sobre orçamento no Congresso
Parlamentares têm até meia-noite de sábado para votar lei de financiamento do próximo ano fiscal; Resistência de republicanos aumenta risco de paralisação das atividades de órgãos federais
A Casa Branca começou a alertar as agências federais para se prepararem para uma paralisação das atividades do governo — “shutdown” na expressão em inglês — diante de um impasse com os republicanos no Congresso para aprovar a proposta de orçamento do próximo ano fiscal até o fim desta semana.
Acordo: Senado dos EUA aprova suspensão do teto de endividamento por dois anos
Eleição 2024: Impeachment de Biden é 'altamente improvável', mas há riscos para campanha de reeleição
Na quarta, o Senado americano continuou o debate sobre um projeto de lei bipartidário de financiamento temporário, para manter as verbas governamentais até 17 de novembro, mas o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, ainda luta para angariar apoio a uma alternativa de direita que integrantes do próprio Partido Republicano se negam a respaldar. Com isso, restaram poucas chances do Congresso chegar a um entendimento até o prazo limite de sábado à meia-noite.
Os EUA já passaram por 21 interrupções no financiamento do governo desde 1976, com diferentes graus de comprometimento nas funções do Estado. A Casa Branca teme o pior cenário com a repetição de 2018, a mais longa e mais recente paralisação, que afastou cerca de 800 mil dos 2,1 milhões de servidores federais por 34 dias.
Enquanto ainda há muita incerteza sobre o quão inevitável é o ‘apagão’ governamental ou quanto tempo poderia durar, os contornos do que pode acontecer são bem conhecidos em Washington, e muitas agências prepararam planos para lidar com o tumulto.
'Ir na porta de uma fábrica com megafone': Lula vê Biden em piquete grevista e diz que quer repetir cena no Brasil
O que é o ‘apagão’ nas atividades do governo?
O ‘apagão’ do governo americano equivale à paralisação de várias operações governamentais até o Congresso agir para restaurar o financiamento. Para centenas de milhares de servidores federais, isso significa ser dispensado das funções durante o ‘apagão’ ou continuar a trabalhar sem pagamento.
Para a população, normalmente se reverte em lidar com interrupções de diversos serviços do governo e enfrentar uma série de percalços e interrupções no dia a dia.
Recentemente, a Casa Branca apontou vários programas do governo que enfrentarão problemas mais sérios em caso de paralisação, especialmente a assistência nutricional e de imunização oferecida pelo Programa de Nutrição Suplementar Espacial para Mulheres, Bebês e Crianças (WIC). Se houver interrupção no financiamento, o governo diz que 7 milhões de mulheres e crianças poderiam perder acesso fundamental a alimentos, e que o fundo de contingência para manter o serviço ativo poderia acabar em dias.
Relembre: Biden elogia acordo bipartidário que evitou inédito calote federal nos EUA
— Se tivermos ‘apagão’, o WIC será paralisado, e isso significa paralisação de assistência nutricional para aquelas mães e crianças pequenas — afirmou o secretário de Agricultura, Tom Vilsack, na segunda-feira.
Fechamento de parques nacionais e mudeus frequentemente são os impactos mais visíveis para o público. Em alguns casos, podem produzir perdas significativas em comunidades que dependem do turismo.
Até muitos trabalhadores do setor privado são forçados a se adaptar. No ‘apagão’ mais recente, as inspeções na indústria química, em usinas de energia e de tratamento de água tiveram que parar porque a Agência de Proteção Ambiental afastou milhares de funcionários. A FDA, agência que regula alimentos e medicamentos nos EUA, também interrompeu inspeções de segurança de rotina em pescados, frutas e vegetais, aumentando a pressão para os restaurantes e mercados.
Muitos laboratórios do governo e projetos de pesquisa também param frequentemente quando ocorrem longas paralisações de financiamento governamental.
— Um ‘apagão’ do governo pode impactar tudo, de segurança alimentar a pesquisa sobre câncer e os programas para crianças “Head Start” — disse o presidente dos EUA, Joe Biden, no sábado.
Disputa: Trump tem 51% e Biden 42%, aponta pesquisa da ABC News e Washington Post
Quais serviços vão continuar ativos?
Muitas agências onde os funcionários exercem funções cruciais não suspendem as operações. Entre eles estão um grande número de promotores federais e investigadores, servidores dos Correios e servidores da agência de Segurança de Transportes. A maioria destes funcionários vai continuar a trabalhar sem pagamento até o retorno do financiamento. Há casos raros de alguns que ocupam cargos com folha de pagamento não vinculada ao orçamento anual.
Benefícios como o Medicare e a Seguridade Social também não são interrompidos porque são autorizados pelo Congresso por leis específicas, que não precisam ser renovadas todo ano. Assistência médica a militares veteranos também não é afetada.
Mesmo nesses níveis em que os servidores federais continuam ativos, o planejamento e as operações que apoiam suas atividades podem ser suspensos, tornando o trabalho mais pesado. Do mesmo modo, apesar dos operadores de tráfego aéreo continuarem a trabalhar, o treinamento para novos profissionais é paralisado, impactando a escassez de mão de obra.
Acusação: Secretário de Justiça dos EUA enfrenta republicanos na Câmara e nega proteger Biden
Quem decide quais os servidores essenciais?
Após múltiplos ‘apagões’ governamentais, muitas agências já têm planos de contingência que determinam quais os funcionários que precisam continuar a trabalhar. Mas esses planos podem variar amplamente.
De acordo com o plano de contingência, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos planeja manter cerca de 58% dos empregados durante a paralisação do governo, enquanto o Departamento de Justiça vai orientar quase 85% dos servidores a seguirem ativos.
As determinações de cada agência são frequentemente baseadas nos papéis que os trabalhadores ocupam e o quanto as suas atividades são consideradas “necessárias para proteger a vida e a propriedade”.
Membros do Congresso recebem salários?
Guga Chacra: Hunter Biden e o trumpismo
Sim. O artigo I, seção 6 da Constituição americana prevê que as compensações para integrantes do Congresso são diferenciadas da maioria dos trabalhadores federais.
“Os senadores e representantes (equivalentes a deputados) devem receber uma compensação por seus serviços, a ser determinada por lei, e paga pelo Tesouro dos Estado Unidos”, diz a sessão. Em complemento, a linguagem da 27ª emenda, que proíbe qualquer lei “variando a compensação pelos serviços de senadores e representantes” até a próxima eleição é frequentemente interpretada como uma exigência constitucional de que os parlamentares sejam pagos em dia.
Trabalhadores afastados vão receber salário?
Os servidores afastados vão receber o pagamento atrasado assim que o Congresso resolva o impasse do orçamento, uma garantia conquistada em 2019 quando o Congresso aprovou o ato de Tratamento Justo para Empregados do Governo.
Para prestadores de serviço, incluindo muitos trabalhadores de limpeza, manutenção, e cafeteria, a situação é mais precária. A lei de 2019 não garante pagamento retroativo a eles. No entanto, na maioria dos casos em que trabalhadores contratados são afastados durante uma paralisação governamental, muitos são elegíveis para auxílios desemprego.
Mais lidas
-
1FUTEBOL
Guardiola diz que má fase do Manchester City não é culpa de Haaland: 'É sobre nós'
-
2IPVA 2025
Sefaz divulga calendário de pagamento do IPVA em Alagoas
-
3FUTEBOL
A novidade do futebol em 2025 será o Super Mundial de Clubes
-
4SAÚDE
Lady Gaga em Copacabana: Artista usa Yoga para tratar condição que fez cancelar show no Brasil em 2017
-
5TRAGÉDIA NA PONTE
Caminhoneiro alagoano está entre os desaparecidos no desabamento da ponte entre Maranhão e Tocantins