Internacional
Biden faz história ao se tornar primeiro presidente americano a unir-se a piquete grevista nos EUA
Presidente discursou ao lado de sindicalistas da indústria automotiva em Michigan, estado fundamental para as eleições de 2024, nesta terça-feira
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, desembarcou, nesta terça-feira, em Michigan -— estado que pode ter peso decisivo nas eleições americanas de 2024 — para falar com trabalhadores grevistas da indústria automotiva. Com a ida ao piquete montado por sindicalistas do United Auto Workers (UAW), que reúne funcionários da Stellantis, Ford e General Motors, Biden se tornou o primeiro presidente americano a participar diretamente de um ato grevista.
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— O fato que importa é que vocês, caras, UAW, salvaram a indústria automotiva em 2008. — disse Biden, usando um boné de beisebol com o logotipo do sindicato e falando em um megafone. — [o sindicato] fez muitos sacrifícios, abriram a mão de muitas coisas quando as empresas estavam com problemas. Agora, elas estão incrivelmente bem. E adivinha? Vocês deveriam estar indo incrivelmente bem também — completou Biden, sendo aplaudido.
— Vocês merecem os aumentos significativos de que precisam, e outros benefícios. Vamos recuperar o que perdemos — acrescentou.
Biden pousou em Michigan pouco depois das 13h30 (em Brasília). Ele foi recebido no aeroporto por Shawn Fain, presidente da UAW. A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, classificou a visita como "histórica".
— Embora o presidente Biden não seja nenhum estranho em um piquete, na verdade, ele se juntou ao UAW em um piquete em Kansas City, em 2019, hoje nós teremos a primeira vez que um presidente no cargo visitará um piquete nos tempos modernos — disse Jean-Pierre.
Em campanha pela reeleição, o democrata espera conquistar o apoio dos grevistas um dia antes de uma visita prevista do principal rival republicano, Donald Trump, que deve falar com os trabalhadores na quarta-feira. Trump, que anunciou sua viagem antes da de Biden, acusou o presidente de copiá-lo. Seu porta-voz, Jason Miller, classificou a visita do presidente como "uma pobre sessão de fotos".
"Quando ele caminhar lentamente para fingir que está num 'piquete', lembrem-se que ele quer enviar os empregos de vocês para a China", lançou Trump em sua rede Truth Social.
Para Biden, o desafio é provar que ele é o defensor dos trabalhadores, dos sindicatos e o arquiteto do ressurgimento da indústria americana. A viagem tem seus riscos para o presidente octogenário, que a cada viagem recebe questionamentos sobre sua condição física: o conflito nesta indústria-chave pode atingir a economia dos EUA.
Biden observou que os fabricantes devem beneficiar seus empregados com seus "lucros recordes", embora sua porta-voz tenha afirmado que ele não se envolveria diretamente nas negociações.
Antes de se despedir dos sindicalistas em Michigan, Biden ainda arrancou alguns aplausos ao fazer um aceno direto à classe média e aos sindicatos.
— Eu já disse muitas vezes: Wall Street não construiu o país. A classe média construiu o país. E os sindicatos criaram a classe média. Isso é um fato. Então vamos continuar — concluiu aos aplausos.
O apoio aos sindicatos é uma característica fundamental do mandato de Biden. O apoio do sindicato UAW à sua candidatura em 2020 foi essencial para que o estado de Michigan votasse a seu favor, após votar em Trump em 2016.
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