Internacional
Mais de 13 mil pessoas de Nagorno-Karabakh já fugiram para a Armênia
Civis iniciaram campanha de fuga, apesar das promessas do presidente do Azerbaijão de que garantiria os direitos armênios que optarem por permanecer no enclave
Mais de 13 mil pessoas fugiram de Nagorno-Karabakh para a Armênia desde domingo, anunciaram nesta terça-feira as autoridades de Yerevan, uma semana após a ofensiva relâmpago vitoriosa do Azerbaijão no território separatista do Cáucaso. Em meio ao êxodo da população armênia do território, reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão, uma explosão em um depósito de combustíveis na segunda-feira à noite no enclave deixou pelo menos 20 mortos e 280 feridos.
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O balanço mais recente informa que 20 pessoas morreram, mas 13 corpos ainda não foram identificados e terão que passar por análises de peritos. "Dezenas de pacientes permanecem em estado crítico", afirmou um comunicado divulgado pelas autoridades separatistas, que pediram ajudam externa para enfrentar a crise.
Na única rota terrestre de saída do território, o corredor de Lachin, centenas de veículos aguardam para entrar na Armênia. Entidades internacionais já manifestaram sua preocupação diante da possibilidade de mais uma limpeza étnica armênia em curso promovida por forças do Azerbaijão, que assegurou que respeitará os direitos humanos de todos os cidadãos independentemente da etnia.
O teatro de Goris, na Armênia, registrou nesta terça-feira um fluxo constante de veículos que chegam lotados. Alguns civis partem do local para Yerevan ou para outras grandes cidades armênias. A localidade próxima da fronteira começou a receber refugiados no domingo. Na semana passada, o primeiro-ministro armênio anunciou que o país, de 2,9 milhões de habitantes, se preparava para receber 40 mil refugiados.
Os civis iniciaram uma campanha de fuga, apesar das promessas do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, de que garantirá os direitos armênios que optarem por permanecer no enclave. Aliyev repetiu a promessa na segunda-feira, durante uma reunião com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, um líder crucial na região, habitada majoritariamente por armênios, mas que foi integrada ao Azerbaijão durante o período soviético.
A Rússia, que tinha uma grande presença na região e no último conflito mobilizou uma força de paz que deixou um contingente em Nagorno-Karabakh, rejeitou na segunda-feira as críticas da Armênia de que teria abandonado os moradores do enclave, que tinha 120 mil habitantes antes da ofensiva relâmpago executada pelo Azerbaijão, há uma semana.
Armênia e Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas, travaram duas guerras nas últimas três décadas pelo controle de Nagorno-Karabakh: a primeira de 1917, após a Revolução Bolchevique; e a segunda depois do colapso da União Soviética, em 1991, que só acabou com um cessar-fogo mediado pela Rússia em 1994. Nesse meio tempo, porém, cerca de 30 mil pessoas morreram no que foi classificado como um genocídio da população armênia.
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Em 2020, um novo conflito deixou 6.500 mortes em seis semanas, antes de um acordo de cessar-fogo também mediado pela Rússia. A guerra terminou com uma derrota esmagadora para a Armênia, forçada a ceder ao Azerbaijão alguns importantes territórios nas proximidades do enclave e uma parte da região.
Embora o Azerbaijão tenha vencido a guerra, no entanto, ainda não alcançou todos os seus objetivos, incluindo a instalação de corredor terrestre para o exclave de Naquichevão — uma fatia separada do território do Azerbaijão na fronteira da Armênia que daria ao país uma ligação direta com a Turquia, um dos seus principais aliados.
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As tensões que culminaram na mais recente ofensiva recomeçaram no final de 2022, quando o Azerbaijão instalou postos de controle no corredor de Lachin — a única estrada que liga Nagorno-Karabakh à Armênia — e bloquearam a entrada de alimentos e medicamentos para a população.
A União Europeia (UE) deve receber nesta terça-feira em Bruxelas representantes da Armênia e do Azerbaijão, em uma reunião que terá a participação de representantes da Alemanha e da França.
O primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, e o presidente do Azerbaijão também se reunirão em 5 de outubro em Granada, sul da Espanha, um encontro que já estava agendado e que não foi cancelado. A reunião terá as presenças do chefe de governo da Alemanha, Olaf Scholz; do presidente da França, Emmanuel Macron; e do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
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