Internacional
Primeiros refugiados de Nagorno Karabakh começam a chegar à Armênia após cessar-fogo
Enclave de maioria armênia anunciou na última quarta-feira que deixou as armas como parte de um cessar-fogo, após ofensiva do Azerbaijão
Um primeiro grupo de refugiados que fogem de Nagorno-Karabakh entrou na Armênia neste domingo, após a ofensiva relâmpago do Azerbaijão contra os separatistas no território predominantemente povoado por armênios. O grupo anunciou na última quarta que deixou as armas como parte de um cessar-fogo.
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Algumas dezenas de moradores, principalmente mulheres, crianças e idosos, chegaram ao centro de acolhimento estabelecido pelo governo armênio em Kornidzor, na fronteira entre os dois países. A Armênia, por sua vez, censurou implicitamente a Rússia pela falta de apoio após a vitória das tropas do Azerbaijão que reivindicaram o controle do território no sul do Cáucaso.
— O sistema de segurança estrangeiro no qual a Armênia está envolvida revelou-se ineficaz na proteção de sua segurança e seus interesses — declarou o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, num discurso transmitido pela TV.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, aliado de Baku, irá se reunir na segunda-feira com o seu homólogo do Azerbaijão, Ilham Aliyev.
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Desde o final de 2020, 3 mil russos monitorizaram a frágil paralisação das hostilidades, mas a atenção de Moscou foi desviada após a invasão da Ucrânia. Sem citar o cessar-fogo, na quarta-feira o presidente russo, Vladimir Putin, disse que esperava uma resolução “pacífica” para o conflito.
Neste domingo, um homem entrevistado pela AFP em Kornidzor disse que fazia parte da “resistência” até que a ofensiva do Azerbaijão forçou os rebeldes a capitular.
— Nossas famílias estavam nos abrigos. Estávamos no exército, mas ontem tivemos que deixar nossos rifles. Então partimos — disse ele, que esperava para ser registrado no centro de recepção.
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Outros aguardavam notícias de seus entes queridos.
— Meu filho estava no exército. Ele está vivo, mas me preocupo — afirmou outro homem, de 34 anos.
Muitos temem retiradas em massa do enclave, onde vivem cerca de 120 mil pessoas. Cercada pelas tropas do Azerbaijão, Stepanakert, a “capital” dos separatistas, está há vários dias sem eletricidade nem combustível, e a população precisa de alimentos e medicamentos, segundo um correspondente da AFP.
Um primeiro comboio de ajuda da Cruz Vermelha conseguiu entrar no enclave no domingo. No sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros armênio pediu às Nações Unidas o envio “imediato” de uma “missão” da ONU a região e reiterou as acusações de “limpeza étnica”.
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A recente incursão militar em Baku, que durou cerca de 24 horas, deixou pelo menos 200 mortos e 400 feridos, segundo os separatistas armênios.
Nagorno-Karabakh proclamou sua independência de Baku quando a União Soviética se desintegrou, desencadeando um conflito armado vencido pelos armênios no início da década de 1990. Com a vitória, a Armênia ficou com controle de cerca de 13% da área total do território azeri. Baku, por sua vez, recuperou parte da região em uma ofensiva em 2020, aproveitando seus lucros com gás natural para comprar armamento superior da Turquia e de Israel.
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Durante cerca de um mês e meio, Azerbaijão e Armênia guerrearam pela posse de Nagorno-Karabakh naquele ano, mas um cessar-fogo em vigor desde 10 de novembro de 2020 interrompeu o conflito, que deixou milhares de mortos.
Embora o Azerbaijão tenha vencido a guerra, no entanto, ainda não alcançou todos os seus objetivos, incluindo um corredor terrestre para o enclave de Naquichevão, uma fatia separada do território do Azerbaijão na fronteira sudoeste da Armênia, que daria ao país uma ligação direta com a Turquia. Também pretende exercer maior controle sobre o Corredor Lachin, alegando que a Armênia o usa para transportar minas terrestres ilegalmente para Nagorno-Karabakh.
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