Internacional
Rússia pede fim do 'derramamento de sangue' e das 'hostilidades' em Nagorno-Karabakh
Nesta terça-feira, o Azerbaijão lançou uma nova operação militar na região, deixando ao menos 25 mortos, incluindo civis, e mais de 130 feridos
A Rússia exigiu, nesta quarta-feira (noite de terça-feira no horário de Brasília), a cessação imediata das "hostilidades" e do "derramamento de sangue" na região de Nagorno-Karabakh, um enclave no Azerbaijão com maioria armênia.
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"Em conexão com a intensa escalada do confronto armado em Nagorno-Karabakh, pedimos às partes em conflito que parem imediatamente com o derramamento de sangue, parem com as hostilidades e evitem vítimas civis", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em comunicado.
Nesta terça-feira, o Azerbaijão lançou uma nova operação militar na região, deixando ao menos 25 mortos, incluindo civis, e mais de 130 feridos. A "agressão em grande escala" acontece após Baku ter reportado a morte de quatro policiais e dois civis em explosões de minas na região, episódios que o país atribui a "terroristas" pró-Armênia.
Além da Rússia, EUA e União Europeia pediram o fim imediato das hostilidades. Os Estados Unidos e a França mobilizaram-se na ONU para tentar travar a ofensiva do Azerbaijão. A França pediu que o Conselho de Segurança do órgão se reúna urgentemente para enfrentar a crise, que surge no momento em que os líderes mundiais convergem para Nova York para a Assembleia Geral anual.
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Esta operação é "ilegal, injustificável e inaceitável”, disse à imprensa a ministra de Relações Exteriores francesa, Catherine Colonna. A chanceler condenou o "uso de armas pesadas, mesmo em áreas densamente povoadas".
— Gostaria de sublinhar que consideramos o Azerbaijão responsável pelo destino dos armênios de Nagorno-Karabakh — alertou Colonna.
Dois diplomatas disseram que a reunião do Conselho de Segurança solicitada pela França poderá ocorrer nos próximos dias, possivelmente na quinta-feira.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em Nova York para a Assembleia da ONU, falou por telefone com os líderes da Armênia e do Azerbaijão. O presidente francês, Emmanuel Macron, também conversou com o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan.
Blinken instou o Azerbaijão "a cessar imediatamente as ações militares em Nagorno-Karabakh e a acalmar a situação" na sua conversa com o presidente Ilham Aliyev, disse o porta-voz do seu departamento, Matthew Miller.
Pelo menos 29 pessoas foram mortas na ofensiva, que ocorre três anos depois de uma guerra anterior, na qual o Azerbaijão recapturou grandes áreas.
As tensões aumentaram nos últimos meses no entorno do enclave, reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão — os dois países entraram em guerra pela última vez há três anos. Nesta terça, Baku deixou claro que a última ofensiva só terminaria com a rendição, pedindo a retirada "total e incondicional" da Armênia desse enclave montanhoso do sul do Cáucaso.
“A única forma de alcançar a paz e a estabilidade na região é a retirada incondicional e completa das Forças Armadas armênias da região de Karabakh, no Azerbaijão, e a dissolução do chamado regime (armênio)", afirmou o Ministério da Defesa do Azerbaijão em comunicado.
O governo da Armênia, por sua vez, defende que não possui tropas na região, o que implica que os seus aliados estão sozinhos para enfrentar as "operações antiterroristas".
Já os habitantes do enclave culparam a comunidade internacional por não ter conseguido evitar outra escalada de violência.
"Ao ignorarem os avisos sobre as intenções criminosas do Azerbaijão e se recusarem a agir, todos os intervenientes internacionais responsáveis não conseguiram impedir mais uma agressão do Azerbaijão contra Artsakh", afirmaram em comunicado, usando o termo armênio para Karabakh.
Estima-se que 120 mil armênios étnicos vivam no enclave montanhoso. Nos últimos nove meses, o Azerbaijão impôs um bloqueio à única rota da Armênia para a região, conhecida como Corredor de Lachin.
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