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Chanceler chinês foi destituído após suposto caso extraconjugal e teve filho nos EUA, revela jornal

Qin Gang continua sob investigação por possíveis violações da segurança nacional, segundo pessoas familiarizadas com o assunto, afirma Wall Street Journal

Agência O Globo - 19/09/2023
Chanceler chinês foi destituído após suposto caso extraconjugal e teve filho nos EUA, revela jornal

Altos funcionários chineses foram informados de que uma investigação interna do Partido Comunista concluiu que o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Qin Gang, destituído em julho, se envolveu num caso extraconjugal e teve um filho nos Estados Unidos durante seu mandato como principal enviado de Pequim a Washington, revelou nesta terça-feira o Wall Street Journal.

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Qin, que já foi considerado um assessor de confiança do líder Xi Jinping, foi substituído sem explicações, depois de não ser mais visto em público por pelo menos um mês. À época, o ministério das Relações Exteriores disse que a ausência de Qin, de 57 anos, se deu por motivos de saúde.

Além dele, o ministro da Defesa da China, general Li Shangfu, também não é visto em público há mais de duas semanas, alimentando especulações sobre tensões entre as Forças Armadas e o governo de Pequim. Dois meses antes, Xi também trocou dois dos comandantes mais graduados da Força de Foguetes do Exército, que supervisiona o poderoso arsenal de mísseis nucleares e balísticos do país. As demissões foram entendidas por analistas como um sinal de que o presidente estaria tentando reafirmar seu controle sobre os militares e expurgar a corrupção e a deslealdade dentro do Exército de Libertação Popular (ELP).

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No mês passado, altos funcionários chineses — incluindo ministros e líderes provinciais — foram informados sobre a investigação do partido sobre Qin, que serviu como embaixador chinês nos EUA de julho de 2021 até janeiro deste ano. O motivo formal para a demissão foram “questões de estilo de vida”, um eufemismo comum do partido para má conduta sexual.

As autoridades também foram informadas, segundo o Wall Street Journal, de que a investigação descobriu que Qin teria tido um filho nos EUA. Os nomes da mulher e da criança não foram divulgados aos dirigentes do partido.

A investigação continua com a cooperação de Qin e as pessoas envolvidas, e agora se concentra em saber se o caso ou outra conduta de Qin pode ter comprometido a segurança nacional da China.

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Qin teve um rápido avanço em sua carreira, passando de porta-voz do Ministério das Relações Exteriores para embaixador da China nos EUA em 2021, sendo promovido a ministro das Relações Exteriores pouco depois, em dezembro de 2022. Antes de assumir a função, teve um papel importante na organização de viagens ao exterior de líderes chineses, o que lhe permitiu trabalhar em estreita colaboração com Xi, que o tinha como um nome de confiança.

Como chanceler, ele foi responsável por implementar a visão de Xi de uma China cada vez mais confiante como potência global, chegando ao cargo em um momento de reabertura após a pandemia de Covid-19, no contexto da invasão russa da Ucrânia e da escalada de tensões com os EUA.

Qin se tornou um rosto familiar na política chinesa por suas respostas muitas vezes contundentes como porta-voz estrangeiro. Em sua primeira aparição perante a imprensa, após ser nomeado ministro, ele alertou Washington que, se não pisassem no freio, "certamente" haveria "conflito e confronto". Pouco mais de um mês depois, estourou a suposta crise do balão de espionagem derrubado pelos EUA, arrastando as relações com Washington para uma espiral descendente.

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Na China, a má conduta sexual é frequentemente utilizada como forma de desacreditar funcionários destituídos e considerados desleais à liderança do partido. No caso de Qin, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, o caso revelado pela investigação do partido desencadeou a sua queda, em parte porque o filho de Qin, nascido nos EUA, poderia potencialmente comprometer a sua capacidade de representar os interesses da China ao lidar com os americanos.

Nos últimos anos, Xi reforçou as restrições impostas a funcionários de alto escalão que tenham ligações financeiras significativas ou outras ligações no exterior.

A demissão de Qin ocorre no momento em que o governo chinês tenta acabar com qualquer vulnerabilidade de segurança em meio à intensificação da disputa geopolítica com os EUA e seus aliados.