Internacional
Kim visita fábrica de aviação militar na Rússia e vê teste de caça de 5ª geração 'invisível' a radares
Viagem do líder norte-coreano à Rússia pretende consolidar a aproximação entre os dois países excluídos da comunidade internacional
O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, visitou nesta sexta-feira (15) uma fábrica da aviação militar na Rússia, depois de uma reunião na quarta-feira com o presidente Vladimir Putin, em uma viagem que pretende consolidar a aproximação entre os dois países excluídos da comunidade internacional.
Os dois países são aliados históricos e enfrentam uma série de sanções: a Rússia devido ao conflito na Ucrânia e a Coreia do Norte por seu programa armamentista, que inclui testes nucleares.
Ouça o podcast: A visita de Kim Jong-un à Rússia e a questionada parceria com Putin
Encontro de isolados: Putin e Kim trocam fuzis de presente após reunião na Rússia
A visita do dirigente norte-coreano à Rússia é sua primeira viagem ao exterior desde a pandemia e provocou inquietação na Ucrânia, Estados Unidos e outras potências ocidentais devido à possibilidade de um acordo para venda de armas entre Moscou de Pyongyang.
A Coreia do Norte busca a ajuda da Rússia para desenvolver seu programa de mísseis e funcionários do governo americano e analistas afirmam que Moscou deseja comprar munição norte-coreana para usar na Ucrânia.
Dois dias após a reunião com o presidente russo no cosmódromo de Vostochni, Kim chegou em seu trem blindado a Komsomolsk do Amur, onde foi recebido pelo governador regional Khabarovsk, Mikhail Degtiarev.
Kim visitou uma fábrica aeronáutica de equipamentos civis e militares no polo industrial do extremo leste russo, informaram as autoridades de Moscou. O norte-coreano acompanhou a produção de caças Sukhoi Su-35 e Su-57 e observou um voo de teste. O Su-57 é a aeronave mais sofisticada de Moscou e passou a ser usada na Guerra na Ucrânia, no ano passado. O modelo tem tecnologia furtiva e multifuncional, para não ser detectado por radares.
— Vemos potencial de cooperação tanto na área de fabricação de aviões como em outras indústrias — afirmou o vice-primeiro-ministro russo do Comércio e Indústria, Denis Manturov, que acompanhou Kim na visita. — Isto é particularmente importante para cumprir as tarefas que nossos países enfrentam para alcançar a soberania tecnológica.
Viagem em trem blindado
O líder norte-coreano partiu em seu trem blindado de Pyongyang no domingo (10), mas só chegou à fronteira com a Rússia, uma viagem de 500 quilômetros, na terça-feira (12).
Na quarta-feira, Kim se reuniu com Putin durante mais de duas horas no cosmódromo de Vostochni, também no extremo leste russo.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, informou na quinta-feira que a visita de Kim seria prolongada "por mais alguns dias" e anunciou que Putin aceitou um convite do dirigente norte-coreano para viajar a seu país.
Esta será a segunda viagem do presidente russo à Coreia do Norte. Em julho de 2000, pouco depois de assumir a presidência, ele seu reuniu em Pyongyang com o pai do atual líder norte-coreano, Kim Jong-il.
Mais de duas décadas depois, a Rússia enfrenta um isolamento sem precedentes imposto pelas potências ocidentais devido à ofensiva na Ucrânia e Putin busca retomar as alianças da era soviética.
As autoridades russas também anunciaram que Kim visitará o porto de Vladivostok para acompanhar uma "demonstração" da capacidade militar da frota russa no Pacífico.
EUA consulta Japão e Coreia do Sul
A reunião entre os dois governantes gerou preocupação no Ocidente devido à possibilidade de negociação sobre um acordo de armas.
A Casa Branca informou que o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, entrou em contato com os homólogos do Japão e da Coreia do Sul para comentar o encontro.
Eles destacaram que "qualquer exportação de armas norte-coreanas para a Rússia seria uma violação direta de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, incluindo algumas que a Rússia aprovou", afirmou o governo americano.
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, afirmou que está disposto ter uma reunião com Kim "sem condições prévias", afirmou uma fonte do governo nipônico.
Kishida já havia mencionado a disponibilidade para iniciar um diálogo com Kim, mas desta vez a declaração acontece em um momento de grande tensão na região, após o encontro entre Kim e Putin.
"Gostaríamos de manter conversações de alto nível sob o controle direto do primeiro-ministro para obter uma reunião de cúpula o mais rápido possível", disse o secretário-chefe de gabinete do governo japonês, Hirokazu Matsuno.
Seul estuda a possibilidade de impor novas sanções a Moscou e Pyongyang, em caso de um acordo armamentista.
"Se a Coreia do Norte alcançar um acordo sobre o comércio de armas após a reunião com a Rússia, isto seria um ato que ameaçaria gravemente a paz e a segurança na península coreana", afirmou o ministro sul-coreano das Relações Exteriores, Park Jin.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de adotar sanções adicionais, ele respondeu: "Estamos considerando todas as opções".
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