Internacional
Cuba detém 17 suspeitos de rede de tráfico humano que leva pessoas para a guerra na Ucrânia
Autoridades cubanas já haviam informado ter descoberto o esquema ilegal de recrutamento a partir de Moscou; Havana nega participação
O governo de Cuba anunciou que ao menos 17 pessoas foram detidas por suposta relação com uma rede de tráfico humano que opera a partir da Rússia para recrutar jovens cubanos para lutar por Moscou na guerra na Ucrânia.
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O caso foi foi revelado pelo Ministério do Interior cubano na segunda-feira, quando autoridades informaram que trabalhavam para desarticular a rede de tráfico de pessoas dedicada a levar moradores da ilha e cidadãos do país radicados no país europeu para lutar na guerra.
O coordenador da investigação, César Rodríguez, anunciou que até o momento 17 pessoas foram detidas, sem revelar suas nacionalidades. Ele disse que um dos detidos é "o organizador interno das atividades" e outros dois eram os que "procuravam cubanos interessados no alistamento" para a guerra.
Segundo o portal de notícias Cubadebate, outras 14 pessoas confessaram que aderiram de maneira voluntária à operação, em troca de residência russa e compensação monetária.
Uma fonte da Procuradoria-Geral afirmou que as autoridades judiciais cogitam acusar os detidos pelos crimes de tráfico de pessoas, mercenarismo e atos hostis em um Estado estrangeiro, o que pode resultar em sentenças de 30 anos de detenção, prisão perpétua e até pena de morte.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, afirmou na segunda-feira que o governo atua "com a força da lei" contra as operações.
O jornal América TeVe, com sede em Miami, publicou depoimentos de dois adolescentes que disseram terem sido enganados por pessoas que os procuraram no Facebook para que trabalhassem como pedreiros em obras na Ucrânia ao lado do Exército russo.
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"Por favor, tentem nos tirar daqui o mais rapidamente possível, porque estamos com medo", pede um dos jovens, 19, em um vídeo publicado no site do jornal. Segundo o veículo, os jovens enviaram essa mensagem de dentro do ônibus em que eram transferidos da Ucrânia com soldados russos para a cidade russa de Riazan.
O jornal também apresentou o depoimento anônimo em áudio de outro cubano que disse ter assinado um contrato do mesmo tipo. O homem afirmou que viajou de Cuba para a Rússia e encontrou 18 compatriotas na mesma situação.
Sob condição de anonimato, outro cubano disse ter assinado o acordo enquanto vivia na Rússia. Ele explicou ao jornal que, assim como os compatriotas, alistou-se para legalizar sua situação na Rússia.
Também divulgou os relatos de outros cubanos que afirmaram ter sido contratados pelas Forças Armadas russas. O governo cubano negou categoricamente qualquer cumplicidade nas ações.
(Com AFP e NYT)
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