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'Monstrinho' da seleção, Yago tenta levar Brasil às quartas do Mundial

Prodígio das seleções de base, jogador coleciona carreira vitoriosa no basquete com apenas 24 anos. No sábado, Brasil enfrenta a Letônia para seguir avançando

Agência O Globo - 03/09/2023
'Monstrinho' da seleção, Yago tenta levar Brasil às quartas do Mundial

Num esporte dominado por gigantes, é preciso talento e habilidade de sobra para se destacar, além de rapidez para evitar marcações tão físicas em quadra. Nada disso está em falta para o armador Yago Mateus. Em seu segundo Mundial de Basquete, o atleta de 24 anos mostra que não é um jogador comum. Com seus 1,78m de altura, o “Monstrinho”, apelido que ganhou no início da carreira, no Paulistano, é um dos grandes nomes da agora surpreendente campanha do Brasil, a uma vitória de ir às quartas da competição.

Para carimbar a classificação, a equipe do treinador Gustavo de Conti tem jogo difícil contra a Letônia, hoje, às 6h45 (de Brasília). A ESPN transmite.

Na sexta-feira, Yago brilhou em lance individual decisivo. O Brasil vencia o Canadá por 62 a 60 a 30 segundos do fim do jogo. Foi quando o camisa 2 atacou a cesta, passou como um raio pelas marcações de Luguentz Dort e Dillon Brooks e ampliou a vantagem brasileira para duas posses de bola. Movimento essencial para a vitória pouco esperada sobre o forte time canadense.

Foi esse estilo agressivo de basquete, de infiltração e velocidade, que o levou tão longe e tão rápido na carreira. Nascido em Tupã, no interior de São Paulo, o jogador deu seus primeiros passos no basquete, como jogador federado, no Jequiá, clube da Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. de Janeiro.

— Com 10 anos de idade, já jogava como adulto, sempre com responsabilidade de atleta e foco de onde queria chegar. E chegou. Lembro que o Jequiá ficava lotado quando ele atuava, todos querendo vê-lo jogar. Fenômeno com 10 anos. Na verdade, desde que começou a jogar, com 5 — conta Daniel Riente, hoje presidente Federação de Basketball do Rio de Janeiro, e que na época esteve envolvido na chegada de Yago ao clube.

Mas o esporte o levou da Cidade Maravilhosa para São Paulo, onde atuou na base do Palmeiras e foi alçado ao profissional aos 17 anos, no Paulistano, justamento por Gustavo de Conti, hoje seu treinador na seleção. Revelação do NBB em 2017, desde cedo participava de training camps internacionais e frequentava as seleções de base. Ainda aos 18, foi convocado pela primeira vez à principal. Em 2018, sagrou-se campeão brasileiro pela primeira vez no clube paulista — foi cestinha do jogo 4 das finais contra o Mogi das Cruzes (21 pontos). No ano seguinte se inscreveria no Draft da NBA.

Sérvia é o destino

A liga americana sempre foi um dos seus maiores sonhos. “Quem disser que não sonha em jogar na NBA está no esporte errado”, afirmou ele em entrevista ao GLOBO, em 2021. Em julho, realizou parte desse sonho: atuou na Summer League, a liga de verão da NBA, com a camisa do Chicago Bulls. Mas ainda não conseguiu convencer os americanos na dura tarefa de obter um contrato — tempo e basquete, tem de sobra para seguir mirando esse objetivo.

Após o Mundial de Basquete, Yago se apresenta ao Estrela Vermelha, um dos times mais tradicionais do basquete europeu. Por lá, vai jogar a Euroliga, o torneio mais forte e prestigiado do continente. Chamou a atenção dos sérvios na grande temporada que fez no Ratiopharm Ulm, da Alemanha, clube no qual terminou a temporada como campeão nacional e MVP (melhor jogador) das finais.

A Alemanha foi a primeira experiência internacional, após passagem onde colecionou títulos pelo Flamengo, entre 2020 e 2022. Ganhou NBB (foi também MVP das finais), Copa Super 8, Champions League das Américas e Intercontinental.

Fã das praias do Rio, de video games e de jogadores como Stephen Curry, LeBron James e do veterano companheiro de seleção Marcelinho Huertas, Yago deixava claro, desde 2021, que nenhum marcador o colocaria medo. Assim provou contra o Canadá.

— Desde a base eu fui criado assim, foi assim que eu aprendi a jogar. Não importa quem esteja do outro lado, eu vou querer fazer a cesta. Não importa que digam que eu sou baixo, que sou um pouco fraquinho, eu vou fazer a cesta. Quanto mais me desafiam, melhor me torno.

Neste Campeonato Mundial, Yago tem média de 15 pontos, 4.3 rebotes e oito assistências.