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Professora incentiva estudantes a agredirem colega de classe muçulmano na Índia

Professora da Escola Pública de Neha teria ordenado os ataques porque o aluno 'não lembrou a tabuada'; a polícia indiana investiga o caso

Agência O Globo - 29/08/2023
Professora incentiva estudantes a agredirem colega de classe muçulmano na Índia

Uma professora do distrito de Muzaffarnagar, no norte de Uttar Pradesh, na Índia, está sendo investigada pela polícia indiana após um vídeo que viralizou na internet mostrá-la incentivando seus alunos a agredirem um colega de classe, um menino muçulmano de sete anos. O caso gerou indignação generalizada no país.

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Nas imagens, divulgadas pela CNN News, o menino aparece parado, de pé e com medo, diante de seus colegas. Ao fundo, é possível ver a professora sentada em uma mesa, incentivando os tapas.

O menino chora enquanto seus colegas se revezam para esbofeteá-lo. Ele leva três tapas: um na bochecha, um na testa e um na cintura — à pedido da professora, segundo afirmou o jornal americano, porque a bochecha já estava ficando vermelha.

Ainda durante a gravação é possível ouvir a professora dizer aos alunos para fazerem isso "corretamente" e um homem rindo enquanto o menino chora.

O superintendente da polícia de Muzaffarnagar, Satyanarayan Prajapat, disse na sexta-feira que a professora ordenou aos alunos que batessem no menino "por não se lembrar da tabuada". A professora da Escola Pública de Neha também fez referência à religião do menino, segundo Prajapat.

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— A professora declarou: "Quando as mães dos alunos muçulmanos [aqueles que seguem o Islã] não prestam atenção aos estudos dos seus filhos, o seu desempenho é arruinado" — disse o superintendente à CNN.

A polícia do distrito registrou um caso contra a professora e uma investigação está em andamento. A professora não foi formalmente acusada. As autoridades distritais também ordenaram o fechamento da escola, de acordo com uma afiliada do jornal americano.

A professora alegou que o pai da vítima lhe pediu para castigar a criança, acrescentando que ela não pôde fazê-lo porque é deficiente e, por isso, disse aos outros alunos para o disciplinarem.

— O pai dele trouxe a criança e disse para "endireitá-la". Agora, como não consigo me levantar, pensei em pedir a uma ou duas crianças que batessem nele — disse ela.

À CNN, o pai do menino disse que a criança se sentiu "inquieta e assustada" após o caso de quinta-feira. Ele disse ainda que, embora o filho esteja muito melhor agora, ele "não consegue mais dormir cedo e ficou em estado de choque" depois do ocorrido.

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O pai contou ao jornal também que seu filho foi admitido em outra escola e que seu primeiro dia de aula ocorreu nesta segunda-feira, depois que a escola foi ordenada a fechar.

Uma Índia polarizada

As imagens causaram raiva e perturbação generalizadas na Índia, a maior democracia do mundo, com 1,4 bilhões de habitantes. No país, as políticas nacionalistas hindus do Partido Bharatiya Janata (BJP), atualmente no poder, aprofundaram as tensões comunitárias do país e criaram o que grupos de direitos humanos e críticos do governo dizem ser uma atmosfera de medo e alienação entre grupos minoritários.

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O proeminente político da oposição Rahul Gandhi acusou a professora de "semear o veneno da discriminação nas mentes de crianças inocentes". Na rede X (antigo Twitter), Gandhi disse: "Transformar um lugar sagrado como a escola num mercado de ódio — não há nada pior do que isso que um professor possa fazer pelo país".