Internacional
De almoços curtos a taxa para fotos: veja 12 medidas contra o excesso de turistas na Europa
Medidas incluem a proibição de almoçar sozinho em alguns horários, campanha contra turistas 'bagunceiros', veto a cruzeiros e limites a acomodações de curto prazo
A explosão do turismo global depois dos anos de pandemia — segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT), 235 milhões de turistas viajaram internacionalmente no primeiro semestre — além de movimentar o caixa de empresas aéreas, hotéis, restaurantes e governos, também expôs uma faceta negativa do setor: o impacto que viajantes provocam em cidades e regiões, e que por vezes ultrapassa os limites da empatia com os moradores.
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Um caso recente é o da ilha de Maui, no estado americano do Havaí, atingida por violentos incêndios que deixaram 115 mortos e quase 400 desaparecidos, além de provocar uma destruição poucas vezes vista nos EUA. Apesar dos estragos e da crise enfrentada pelos moradores, os hotéis e resorts da ilha seguem lotados, e algumas placas direcionadas aos visitantes começaram a surgir: “Turistas, fiquem longe!”.
Mas além das situações de desastre, cidades com grande apelo turístico, como Barcelona, Paris e Atenas, também veem um crescimento da ojeriza dos moradores a um fenômeno que até ganhou nome próprio, o “overtourism”. Afinal, a maior demanda por propriedades eleva os custos de aluguéis e imóveis para os moradores, por vezes os obrigando a se mudar para áreas mais distantes, e que cabem em seus orçamentos. Por enquanto.
Há ainda os efeitos do “overtourism” sobre as próprias cidades. Veneza, na Itália, e Bruges, na Bélgica, temem entrar para uma lista de cidades em perigo por conta do pouco zelo dos turistas com as estruturas locais — em julho, um turista búlgaro ficou mundialmente famoso depois de escrever em uma das paredes do Coliseu, em Roma. A fama não foi apenas na imprensa, mas também na Justiça italiana, onde ele responde a um processo.
Mas como evitar ou ao menos reduzir os impactos das massas de turistas? Veja medidas adotadas por alguns dos destinos favoritos de turistas.
Barcelona (Espanha)
Na cidade, uma medida polêmica não oficial proíbe as pessoas de sentarem sozinhas em alguns restaurantes durante determinados horários, como o almoço. O tempo à mesa também será controlado. Em julho, uma famosa loja de embutidos anunciou que cobraria uma taxa de € 5 (R$ 26) de turistas que entrarem na loja apenas para tirar fotos.
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Santiago de Compostela (Espanha)
A cidade está debatendo a criação de uma “taxa turística” para ser cobrada na hospedagem e aprovou o “Código de Boas Práticas”, com 12 recomendações aos visitantes.
Madri (Espanha)
Restaurantes da capital espanhola têm adotado informalmente algo que vai contra a cultura da cidade: exigir reserva e limitar o tempo de uso das mesas, ou seja, o fim dos almoços e jantares intermináveis dos madrilenhos.
Palma (Espanha)
A cidade da ilha de Maiorca passou a limitar o número de cruzeiros que aportam (apenas três ao dia) para controlar o número de turistas que desembarcam.
Reino Unido
O governo britânico aprovou uma lei que determina o registro de residências de curto prazo, possibilitando analisar o impacto às comunidades. Em Londres, a regra limita em 90 o número de noites em que uma residência poderá operar como um Airbnb ou similares em um ano.
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França
A prefeitura vetou a abertura de novos apartamentos de aluguel em áreas de grande concentração turística para proteger os moradores originais — em 2021, o Airbnb foi multado em € 8 milhões (R$ 42 milhões) por publicar novos anúncios de aluguel de curta estada sem os devidos registros.O governo federal também está pondo em prática campanhas para encorajar a visita a destinos menos populares e desafogar a Cidade Luz.
Berlim (Alemanha)
A cidade tenta evitar a alta dos alugueis criando regras e limites para hospedagem por temporada.
Munique (Alemanha)
Munique aprovou a remoção de ônibus de centros históricos e a criação de estímulos para hospedagem em bairros menos procurados e promoção de atrativos na cidade fora da alta temporada.
Atenas (Grécia)
Na cidade,, o governo vai implementar, no início de setembro, um projeto piloto de limitação do número de visitas da Acrópole, principal ponto turístico da cidade, fixando-o em 20 mil por dia. Ainda foram criadas regras mais estritas sobre o tempo em que os visitantes podem ficar no local.
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Amsterdã (Holanda)
Em março, foi lançada uma campanha para um público alvo específico: homens jovens (principalmente ingleses) que escolhem a cidade para um fim de semana regado a álcool e drogas, nas conhecidas despedidas de solteiro. A mensagem é simples: se você pretende ir à capital holandesa para “bagunçar”, nós não te queremos por aqui. As autoridades ainda limitaram o horário de funcionamento dos bares e vetaram o consumo de maconha em algumas ruas do centro. O número de cruzeiros também foi limitado.
Dubrovnik (Croácia)
Popularizada depois de servir de locação para as séries Game of Thrones e House of the Dragon, da HBO, a cidade agora proíbe o trânsito de bagagens em determinados pontos turísticos em seu centro histórico e estuda mais medidas do tipo.
Veneza (Itália)
A Câmara Municipal de Veneza estuda uma taxa de acesso à Cidade Antiga e às ilhas menores. O “contributo di accesso” seria aplicado em 2023, mas foi adiado. A cidade baniu os cruzeiros em 2021, mas a medida ainda não está sendo aplicada por questões logísticas. Por sinal, a batalha entre parte dos venezianos e os turistas serviu de contexto para um filme de terror, “Encurralados em Veneza”(EUA, 2021) — a história não é exatamente de se elogiar, mas chama a atenção o fato do sentimento antiturismo estar por trás das mortes sangrentas.
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