Internacional

Líder da oposição no Zimbábue reivindica vitória nas eleições, marcada por denúncias de irregularidades

Nelson Chamisa, advogado e pastor, questionou vitória de Emmerson Mnangagwa que obteve 52,6% dos votos

Agência O Globo - 27/08/2023
Líder da oposição no Zimbábue reivindica vitória nas eleições, marcada por denúncias de irregularidades

O líder da oposição no Zimbábue, Nelson Chamisa, contestou neste domingo a reeleição do presidente Emmerson Mnangagwa, anunciada oficialmente no sábado, e reivindicou sua própria vitória, após um processo eleitoral marcado por irregularidades.

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— Vencemos estas eleições. Somos os líderes. Estamos até surpresos que Mnangagwa tenha se declarado o vencedor. Temos os resultados reais — anunciou Chamisa, advogado e pastor, candidato da Coalizão de Cidadãos pela Mudança (CCC), em entrevista à imprensa.

Emmerson Mnangagwa foi reeleito para mais um mandato, depois de uma campanha marcada por alegações de fraude e de favorecimento aos candidatos do governo. Segundo a comissão eleitoral, ele obteve 52,6% dos votos, contra 44% do opositor, que vinha fazendo repetidas denúncias antes e depois da votação, que aconteceu na quarta-feira.

Mnangagwa é do partido ZANU-PF, o mesmo do ex-presidente e ex-primeiro-ministro Robert Mugabe, morto em setembro de 2019 e que comandou o país por quase 40 anos. Durante a campanha, ele foi cobrado por ações para combater a pobreza e a inflação, hoje próxima de 180% ao ano, e agora assume também com a expectativa de obter linhas de crédito do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.

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Além de assegurar a reeleição, Mnangagwa também deve ter maioria no Parlamento: segundo uma projeção da rede estatal ZBC, o ZANU-PF deve ter 101 deputados de um total de 210 cadeiras, enquanto a CCC, principal sigla de oposição, terá 59 cadeiras.

Além dos discursos, a disputa eleitoral foi marcada por denúncias de uso da máquina do Estado para favorecer Mnangagwa. Lideranças de oposição foram detidas e vários comícios do rival do presidente, Nelson Chamisa, foram vetados com o argumento de que violavam as leis de ordem pública do país. Houve ainda atrasos no dia da votação, e que foram associados a uma tentativa de interferir no processo eleitoral.

Na terça-feira, o Departamento de Estado dos EUA emitiu um comunicado se dizendo "preocupado" com as alegações de violência política e com as restrições impostas a jornalistas e observadores internacionais. O chefe da missão de observadores da União Europeia, Fabio Massimo Castaldo, disse que a votação aconteceu em meio a um "clima de medo", e sugeriu que as eleições, que também escolheram os representantes do Legislativo, não foram exatamente limpas e livres.

Além de assegurar a reeleição, Mnangagwa também deve ter maioria no Parlamento: segundo uma projeção da rede estatal ZBC, o ZANU-PF deve ter 101 deputados de um total de 210 cadeiras, enquanto a CCC, principal sigla de oposição, terá 59 cadeiras.