Esportes
Muitos jogos, poucas alternativas: o que novo fechamento projeta para o futuro do Maracanã
Com 55 jogos já disputados, datas aumentam e gramado volta a não suportar cargas. Estádio vive terceira intervenção em meio a temporada desde o ano passado

Assim como já havia acontecido duas vezes no ano passado, o Maracanã vai parar. Ontem, a administração do estádio, gerido por consórcio da dupla Flamengo e Fluminense, anunciou a paralisação por tempo indeterminado das atividades para a recuperação do gramado. A previsão é que o fechamento dure cerca de 20 dias, contando a partir do próximo domingo, no dia seguinte ao jogo Flamengo x Internacional, no Brasileirão.
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O tricolor vai levar o jogo contra o Fortaleza, pela 22ª rodada, para Volta Redonda. Na rodada seguinte, o Flamengo quer mandar a partida contra o Athletico na Neo Química Arena, em São Paulo.
Nos últimos cinco anos, esta medida já precisou ser tomada em seis oportunidades (duas delas para Copa América e Libertadores). No ano passado, os fechamentos foram para plantio de grama de inverno e recuperação do gramado.
“Até o momento, 55 jogos foram realizados, o que faz do Maracanã o estádio mais utilizado do país”, alegou o consórcio em nota. No mesmo comunicado, falou em dificuldades por questões climáticas e apontou a influência de duas partidas realizadas em menos de 15 horas no estádio (Fluminense x América-MG e Vasco x Atlético-MG).
O jogo do cruz-maltino foi alvo de reclamação específica do Fluminense, que apontou o evento como catalisador para a interdição. “Essa paralisação não estava prevista, decorrendo exclusivamente dos severos danos infligidos ao gramado em razão da realização do jogo”, afirmou o tricolor em nota. O problema, no entanto, é antigo.
Em junho, Gabigol, atacante do Flamengo, se referiu à partida contra o Grêmio no estádio como “beach soccer”. Na mesma época, o goleiro Matheus Cunha e o técnico Jorge Sampaoli também fizeram críticas. Ontem, o meia Paulo Henrique Ganso, do Fluminense, falou sobre o assunto à ESPN:
— Sem dúvida a gente queria que o gramado estivesse em perfeitas condições, como outros do Brasil. Já vem ruim há algum tempo, não é querer falar mal, mas não é de agora.
Final da Libertadores
Hoje, a Conmebol fará inspeção de rotina no gramado do Maracanã na véspera da partida contra o Olimpia. Segundo O GLOBO apurou, a entidade, que ontem advertiu o Flamengo pelo estado do gramado nas oitavas, também contra os paraguaios, já faz o planejamento da final da competição, que acontece no estádio no dia 4 de novembro. A ideia é trabalhar com um prazo de 15 a 20 dias antes da decisão para a manutenção do estádio, que envolve gramado e demais estruturas.
O alto número de jogos (alguns deles em dias seguidos) envolve questões como datas do estadual, avanços de Flamengo e Fluminense em competições mata-mata e os dois jogos disputados pelo Vasco no estádio neste Brasileirão. Para Sérgio Schildt, presidente da Recoma, especializada em pisos esportivos, o jogo do cruz-maltino no domingo não foi a raiz do problema, mas um estopim.
— É recorrente e natural (paralisações agora e no futuro). O custo da grama natural nas condições que o Maracanã usa, o excesso de jogos e eventuais eventos, mais o pouco tempo para recuperação, tornam natural. Na Europa, em que se joga uma ou duas vezes na semana, os gramados são substituídos não mais que a cada dois anos, às vezes, em um.
As possíveis soluções para o problema ainda estão distantes. O sonhado estádio do Flamengo depende de disponibilidade de terreno para avançar como ideia. O Vasco, por sua vez, aguarda transferência do potencial construtivo pela Prefeitura para projetar uma ampliação de São Januário. O cruz-maltino não abre mão de levar jogos para o estádio, e tem garantido na Justiça a cessão em igualdade condições prevista no termo de permissão de uso do Maracanã — que termina em outubro. O edital de licitação do estádio segue sem previsão.
Único clube que não atuou no Maracanã fora de clássicos, o Botafogo se mantém aberto a receber clubes parceiros no Nilton Santos. O alvinegro tem a concessão do estádio até 2051 e utiliza a grama sintética, opção hoje não cogitada pelo consórcio.
— O Maracanã tem um gramado híbrido. Foi instalado com uma fibra mais espessa. Ele aumenta a resistência do gramado na casa dos 30%. Mas não é a solução de todos os males — diz Schildt, que faz elogios ao piso sintético nesse tipo de situação.
— O custo da hora de uso de um gramado sintético é infinitamente mais baixo. O custo de implantação num primeiro ano é mais alto, mas os sintéticos do mundo e do Brasil em geral têm vida superior de sete a oito anos.
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