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Grupo Wagner: caso de Prigojin aumenta lista de mortes suspeitas na Rússia

Na segunda-feira, Prigojin publicou o primeiro vídeo desde o motim fracassado contra a alta cúpula de Defesa da Rússia, em junho

Agência O Globo - 23/08/2023
Grupo Wagner: caso de Prigojin aumenta lista de mortes suspeitas na Rússia
Yevgeny Prigojin - Foto: Reprodução

Um avião particular com dez pessoas a bordo caiu nesta quarta-feira, na região de Tver, na Rússia, durante o trajeto Moscou-São Petersburgo, sem deixar sobreviventes, anunciaram os serviços de emergência. O líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Prigozhin, estaria entre as vítimas, segundo a rede de TV BBC.

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"Havia dez pessoas a bordo, incluindo três tripulantes. Segundo as primeiras informações, todas as pessoas a bordo morreram", afirmou o Ministério russo de Situações de Emergência no aplicativo Telegram.

Na segunda-feira, Prigojin publicou o primeiro vídeo desde o motim fracassado contra a alta cúpula de Defesa da Rússia, em junho. O líder dos mercenários sugere, nas imagens publicadas no Telegram por canais de apoiadores, que estaria no continente africano.

Em julho, Prigojin chegou a aparecer em um outro vídeo. Ele cumprimentava seus soldados na Bielorrússia, onde muitos se exilaram desde o motim contra a Rússia. No entanto, esta é a primeira vez que ele faz declarações públicas após a rebelião.

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A rebelião de Progojin contra o Kremlin começou na noite de 24 de junho, após o líder paramilitar afirmar que o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, ordenou o bombardeio contra posições do grupo na Ucrânia.

Em represália, os mercenários cruzaram a fronteira de volta para a Rússia e, sem resistência, tomaram a cidade de Rostov-no-Don, onde assumiu o controle das instalações militares. O presidente Vladimir Putin acusou os mercenários de traição, e prometeu uma punição severa a todos, anunciando que havia dado as ordens necessárias ao Exército para restaurar a ordem.

Kristina Baikova

Em junho, a polícia russa abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da 11ª morte (e até então última) de uma pessoa de influência do país desde o ano passado. Desta vez, a investigação é a respeito de Kristina Baikova, a vice-presidente do Loko-Bank, que caiu do 11º andar de um prédio em Moscou, no dia 23 de junho.

A executiva, de 28 anos, é a mais recente de uma série de óbitos misteriosos de pessoas ricas - algumas delas bilionárias - desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e tornou-se alvo de sanções econômicas. De acordo com o site The Insider, Kristina caiu da janela de um apartamento situado no Khodynsky Boulevard, em Moscou, durante a noite. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu na hora.

O jornal inglês Daily Mail afirma que Kristina estava acompanhada de um amigo, de 34 anos, identificado apenas como Andrei. Os dois bebiam dentro do imóvel.

Pavel Antov

O caso de Kristina se junta a uma série de mortes misteriosas de oligarcas russos, desde o começo de 2022. Em dezembro do ano passado, Pavel Antov morreu após cair da sacada do quarto onde estava hospedado na Índia. Ele tinha uma fortuna estimada em R$ 782 milhões e era crítico ao governo do presidente Vladimir Putin pela invasão da Ucrânia.

Yuri Voronov

Yuri Voronov, de 61 anos, era ligado à Gazprom, empresa estatal da área de energia, e foi encontrado morto em sua casa, nos arredores de São Petersburgo, em julho. O corpo de Voronov estava boiando na piscina, com um tiro na cabeça. Uma pistola foi encontrada no local, assim como cápsulas de munição deflagradas, segundo a imprensa russa. A residência de alto padrão fica localizada no distrito de Vyborgsky.

Ele foi o fundador e diretor geral da empresa de transporte e logística Astra-Shipping, que tinha contratos milionários com a Gazprom. O caso é investigado pela polícia russa. De acordo com informações preliminares divulgadas pela imprensa local, a arma foi disparada à queima-roupa e Voronov morreu até 14 horas antes de seu corpo ser descoberto.

Sergei Protosenya

Ex-vice-presidente da empresa de gás natural Novatek, Sergei Protosenya, de 55 anos, foi encontrado morto em sua mansão na Catalunha, na Espanha, ao lado dos corpos da sua mulher, Natalya, e filha, Maria. A suspeita da polícia espanhola é de que o homem tenha esfaqueado as duas e depois se enforcado no jardim da residência, em 19 de abril.

Segundo veículos de imprensa locais, o corpo do homem não tinha traços de sangue. Uma carta de suicídio também não foi encontrada pelas autoridades.

— Ele amava a minha mãe e principalmente Maria, a minha irmã. Ela era a sua princesa. Nunca faria nada para as prejudicar. Não sei o que aconteceu naquela noite, mas sei que não foi o meu pai que as assassinou. Ele não foi — disse o filho de Sergei, Fedor Protosenya, de 22 anos, que estava na França quando o crime aconteceu.

Com uma fortuna estimada em US$ 440 milhões, Protosenya formou-se engenheiro em Moscou. Segundo jornais da Catalunha, a polícia encontrou no local da morte seis carros das marcas BMW, Mercedes, Mustang e Audi, além de pelo menos 10 mil euros em espécie.

Vladislav Avayev

Menos de 24 horas depois da morte Protosenya e sua família, o também multimilionário Vladislav Avayev, de 51 anos, foi encontrado morto com sua mulher e a filha de 13 anos em um apartamento em Moscou. A morte é similar à de Protosenya: Avayev teria matado a família com uma pistola e depois cometido suicídio.

Treze armas teriam sido encontrados dentro do apartamento de luxo de Avayev, avaliado em 2,4 milhões de euros. O multimilionário havia sido vice-presidente do Gazprombank, um dos principais do país.

Leonid Schulman

Leonid Schulman, de 60 anos, ocupava o cargo de diretor da Gazprom e foi encontrado morto na banheira de sua casa, em São Petersburgo. Uma carta indicando suicídio estava próxima ao corpo.

A morte de Schulman foi a primeira ligada à Gazprom. Segundo a empresa, ele havia tirado uma licença para tratar de problemas de saúde. "Nosso colega, chefe do serviço de transporte, Leonid Aleksandrovich Shulman, faleceu. As circunstâncias estão sendo investigadas", disse a empresa, em comunicado na época.

Mikhail Watford

Nascido na Ucrânia, Mikhail Watford, de 66 anos, foi encontrado morto em sua residência de luxo, avaliada em 18 milhões de libras, no condado de Surrey, na Inglaterra. A polícia inglesa ainda não esclareceu as circunstâncias de sua morte, mas adiantou que não a considera suspeita.

Watford fez fortuna nas indústrias de gás e petróleo após a queda da União Soviética. Nascido Mikhail Tolstosheya, ele decidiu alterar seu sobrenome após se mudar para Inglaterra no início dos anos 2000.

Vasily Melnikov

Dono de uma empresa do setor médico, Vasily Melnikov foi encontrado morto com sua família em uma casa em Novgorod. As circunstâncias da morte de Melnikov são similares às de outros russos na lista, e a polícia suspeita que ele tenha matado a mulher e os filhos. Sua empresa, a Medstom, foi fundada em 2003 e trabalha fornecendo equipamentos e insumos para hospitais.

Alexander Tyulyakov

Também ligado à Gazprom, Alexander Tyulyakov, de 61 anos, foi encontrado enforcado nos arredores de São Petersburgo, no dia 25 de fevereiro. Seu corpo estava na garagem de um chalé.

Andrei Krukovsky

A última morte suspeita foi a de Andrei Krukovsky, um russo de 37 anos que trabalhava como diretor-geral do resort de ski de Krasnaya Polyana, gerido pela Gazprom. Ele teria caído de um penhasco na fortaleza de Aczipsinskoy, na cidade de Sochi, e não resistiu aos ferimentos.

Alexander Subboti

O bilionário Alexander Subbotin, de 43 anos, foi encontrado morto na casa de um xamã no último fim de semana. A suspeita é de que o magnata tenha se intoxicado por veneno de sapo. Subbotin foi encontrado morto no porão da casa em Mytishchi, uma cidade a nordeste de Moscou, no domingo. A agência russa Tass informou que o bilionário aparentemente sofreu um ataque cardíaco.

De acordo com a Tass, o bilionário supostamente foi para a casa do xamã Magua "em estado de intoxicação alcoólica grave e drogas no dia anterior" de sua morte. A morte teria ocorrido após uma sessão para curar ressaca.

Segundo a revista Newsweek, o xamã fez incisões na pele de Subbotin e pingou veneno de sapo. A justificativa para o procedimento, segundo a agência italiana Ansa, era o fortalecimento do sistema imunológico.