Internacional

Aliada de Correa e filho de bilionário disputam 2º turno no Equador: conheça os candidatos

Luisa González e Daniel Noboa foram os mais votados na eleição de domingo após um primeiro turno marcado pelo assassinato do candidato Fernando Villavicencio

Agência O Globo - 21/08/2023
Aliada de Correa e filho de bilionário disputam 2º turno no Equador: conheça os candidatos

Após uma primeira fase eleitoral marcada por violência política, incluindo o assassinato do candidato Fernando Villavicencio, a eleição presidencial no Equador vai a segundo turno em 15 de outubro. Os eleitores terão de escolher entre Luisa González, candidata do partido do ex-presidente Rafael Correa e a mais votada no último domingo, com 33% dos votos, e o empresário Daniel Noboa, filho de um dos homens mais ricos do país, que surpreendeu ao conquistar 24%.

Veja: Assassinato no Equador tem impacto direto nas eleições e pode beneficiar direita

Quem é Fernando Villavicencio? Quem o matou? Veja perguntas e respostas sobre o assassinato do presidenciável no Equador

De acordo com os números do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Christian Zurita, que concorreu na chapa que era de Fernando Villavicencio, assassinado em 9 de agosto, ficou na terceira posição, com 16% dos votos. Jan Topic, ex-paraquedista apelidado de "Rambo" por conta de seu discurso de combate à criminalidade, ficou em quarto lugar, com 14% dos votos.

A votação ocorreu sob um esquema de segurança inédito, com policiais e militares controlando o acesso às seções eleitorais e candidatos vestidos com coletes à prova de balas. Apesar do clima de tensão, não foram registrados incidentes mais sérios ao longo do dia. Segundo o CNE, a eleição de domingo teve uma taxa de participação de 82%.

Socialista antiaborto

A advogada Luisa González, de 45 anos, é a aposta do partido Revolución Ciudadana, movimento do ex-presidente Correa, para voltar ao poder no Equador. Favorita nas sondagens, graças ao melhor momento do correísmo nos últimos anos, foi a única mulher na disputa.

González ocupou uma série de cargos públicos, todos durante os governos de Correa, e é uma grande defensora do ex-presidente, que atualmente vive na Bélgica e não pode retornar ao país sob risco de ser preso em razão de sentenças por corrupção. Em entrevista ao El País, a candidata disse que, se eleita, Correa seria seu principal assessor "virtualmente".

'Segurança falhou': Em áudio, mulher diz que candidato morto no Equador deveria ter deixado comício pelos fundos

Embora seja a candidata da esquerda, González segue uma agenda conservadora sobre o aborto, defendendo a proibição da interrupção da gravidez, incluindo em casos de estupro. Como deputada, ela costumava comparecer ao plenário da Assembleia com um lenço azul, que é usado por movimentos ultraconservadores que se autodenominam pró-vida.

Herdeiro político

Aos 35 anos, Daniel Noboa está a um passo de realizar o sonho do pai, o bilionário empresário da indústria bananeira Álvaro Noboa, candidato que mais vezes disputou eleições presidenciais no Equador (cinco vezes, três das quais conseguiu chegar ao segundo turno).

A carreira política do jovem Noboa começou em 2021, quando conquistou uma cadeira na Assembleia Nacional. A sua vida empresarial começou antes, aos 18 anos, quando fundou a sua própria empresa, a DNA Entertainment Group, que se dedica à organização de eventos. Desde 2010, começou a trabalhar nas empresas do seu pai, a Corporación Noboa.

Vídeo: Horas antes de ser morto a tiros, presidenciável do Equador fez discurso 'premonitório': 'Que venham os atiradores'

Noboa não era apontado pelas pesquisas como um dos principais candidatos no pleito. Durante o último debate presidencial televisionado, ele conseguiu falar sobre suas propostas, incluindo o combate à criminalidade e o fortalecimento das instituições de justiça e segurança do país sem se envolver em confrontos diretos ou responder acusações.

Como candidato no segundo turno, detalhes sobre sua vida pessoal devem virar tema de debate, como acusações de maus-tratos de sua ex-mulher Gabriela Goldbaum. Em 2019, ela também acusou o candidato de não respeitar os acordos de visitas da filha dos dois.