Internacional
Candidata correísta, líder indígena e 'Bukele' equatoriano: saiba quem são os aspirantes à Presidência no país
País seu presidente neste domingo, em clima tenso após o assassinato do candidato Fernando Villavicencio, na semana passada
O Equador elegerá seu presidente neste domingo, entre oito nomes, em um clima tenso após o assassinato do candidato Fernando Villavicencio, cujo substituto de última hora, outro jornalista, medirá forças com uma advogada correísta, um ex-franco-atirador de direita apelidado de "Bukele equatoriano" e um líder indígena, entre outros candidatos.
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A morte sacudiu o tabuleiro eleitoral, dominado durante a campanha por Luisa González, afilhada política do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), que perdeu cerca de dez pontos percentuais em uma semana. O vencedor governará até 2025 para completar o período que correspondia ao presidente Guillermo Lasso, de direita, que convocou eleições antecipadas e dissolveu a Assembleia Nacional, em maio, mecanismo conhecido como "morte cruzada".
Conheça os candidatos:
Luisa González, o ás da esquerda
Aos 45 anos, Luisa González, única mulher na disputa, é a carta da esquerda socialista para retomar o poder após seis anos. Sem meias-palavras, Gonzáles afirma que seu principal assessor será o carismático ex-presidente Rafael Correa, condenado à revelia a oito anos de prisão por corrupção e que mora na Bélgica. Ela ressalta, porém, que será independente em suas decisões. Ela lidera as sondagens, mas acabou prejudicada pelo assassinato de Villavicencio, um anti-correísta ferrenho.
— Tudo o que fizemos em dez anos, nos destruíram em duas horas — disse à AFP, referindo-se ao giro para a direita que o Equador deu desde o governo do sucessor Lenin Moreno, a quem o correísmo classifica de "traidor".
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Mãe de dois filhos, um jovem de 29 e um garoto de 9 anos, a advogada cristã foi congressista antes de lançar sua candidatura na chapa com Andrés Araus, que perdeu o último segundo turno. Sua fórmula é dar nova vida ao correísmo, seguindo o legado de seu mentor, em um momento em que o Equador sofre com uma violência sem precedentes por causa do tráfico de drogas e da violência das gangues.
Jan Topic, o "Bukele" equatoriano
Jan Topic, de 40 anos, é conhecido como "Bukele equatoriano", por seu discurso de linha-dura contra as facções do crime organizado que operam nas prisões, cujos confrontos deixaram mais de 430 presos mortos desde fevereiro de 2021.
Sua carta de apresentação é sua participação como franco-atirador na Legião Estrangeira Francesa (2006-2011), tendo, segundo ele, combatido na República Centro-Africana e na Costa do Marfim. Também foi voluntário na guerra da Síria, em 2012, e por um mês em 2022, na Ucrânia, contra a invasão russa.
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Ele diz ser o único candidato com "temperamento e determinação para agir", a fim de pôr em xeque as organizações ilegais, um discurso que ganhou popularidade após o magnicídio de Villavicencio.
Yaku Pérez, líder indígena em busca da revanche
Filho de peões, o advogado indígena Yaku Pérez quase foi para o segundo turno de 2021, por uma diferença de apenas 30 mil votos. Agora, levantando a bandeira das causas ambientais, busca sua revanche.
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Pérez, de 54 anos, fez uma aposta dupla nessas eleições: em sua candidatura e nas consultas ambientais que também serão feitas no domingo e que pretendem frear a atividade petrolífera em duas regiões megadiversas.
— Vai ser uma mensagem ao mundo de que se cuida da vida no Equador (...) e que temos autoridade ética para poder combater o aquecimento global — disse à AFP.
Zurita, o substituto inesperado
"Mataram meu amigo", escreveu Christian Zurita na rede social X, antigo Twitter, quando soube do magnicídio de Villavicencio. Até aquele momento, nada indicava que esse premiado jornalista investigativo de 53 anos assumiria a candidatura de seu amigo.
Ao lado de Villavicencio, o também jornalista escreveu o livro "Arroz Verde", um compilado de reportagens que revelou o caso de subornos que levou à condenação de Rafael Correa a oito anos de prisão.
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Em 2011, o ex-presidente processou Zurita e seu colega Juan Carlos Calderón por danos morais diante da publicação de um livro que revelava contratos irregulares de seu irmão. Um juiz condenou os dois a pagarem dois milhões de dólares em indenização (R$ 9,9 milhões na cotação atual), mas o caso foi arquivado a pedido do ex-governante.
Sempre com colete à prova de balas em suas aparições públicas, Zurita levanta a bandeira da luta contra a corrupção e argumenta que o projeto político de Villavicencio "está intacto".
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Zurita, disse suspeitar que a motivação do assassinato pode estar relacionada a algumas de suas propostas, focadas em atacar as rotas comerciais operadas pelo narcotráfico.
— Tenho quase certeza de que ele foi assassinado porque disse que iria militarizar os portos — disse Zurita.
Sonnenholzner, um ex-vicepresidente em busca do poder
Otto Sonnenholzner, de ascendência alemã, entrou de maneira inesperada na política equatoriana quando o Congresso elegeu-o vice-presidente de uma lista tríplice enviada por Moreno (2017-2021). Ficou 19 meses no cargo, ao qual renunciou quando o Equador mal conseguia se recuperar da crise sanitária desencadeada pela pandemia da Covid-19.
Economista e empresário de 40 anos, o ex-vice resume sua proposta de governo em três palavras: paz, dinheiro e progresso.
— Eu não estou aqui por vaidade ou por ego, estou por vocação de servir e capacidade de resolver problemas — contou à AFP o empresário, que atua em segmentos do comércio à agricultura.
Os outros aspirantes, com menos chances de vitória, são Daniel Noboa, Bolívar Armijos e Xavier Hervas.
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