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Manual gratuito para escolas e famílias traz dicas para facilitar a convivência

Material mostra importância de se aceitar diferenças para ter relações mais saudáveis

Agência O Globo - 15/08/2023
Manual gratuito para escolas e famílias traz dicas para facilitar a convivência
Foto: Reprodução

As diferenças e a dificuldade de comunicação podem provocar conflitos frequentes dentro das casas e das escolas. Pensando nisso, o Laboratório Inteligência de Vida (LIV), programa de educação socioemocional presente em mais de 600 escolas de todo o Brasil, acaba de elaborar um manual gratuito com uma série de dicas e reflexões para melhorar o dia a dia das famílias e dos que convivem em ambiente escolar.

Entre as sugestões do material para estreitar laços estão fazer atividades em família. Pais podem convidar os filhos para assistir um filme ou uma série e, depois, conversar sobre o que as crianças e adolescentes acharam, perguntar o que sentiram, explorar se elas comparariam alguma cena do enredo com algo que tenha acontecido com elas mesmas.

O material traz ainda uma cartilha para as escolas com plano de aula e sugestão de atividades com o tema “Desconstruindo o ciclo do bullying e do cyberbullying”. O manual traz informações e números sobre o bullying e incentiva que os alunos façam uma reflexão sobre suas vivências.

O Manual de Convivência do LIV, que pode ser baixado no link https://materiais.inteligenciadevida.com.br/conteudo-manual-de-convivencia-page, faz parte da campanha “Conviver é conviver com”, que mostra a importância de se aceitar quem é diferente e o quanto é enriquecedor ter contato com outras ideias para aprender e ampliar a visão de mundo. O material conta com vídeos, entrevistas, dicas para famílias e educadores e está dividido em três módulos. No final, os participantes ganham um certificado de participação.

No primeiro módulo, a terapeuta e mediadora de conflitos Monica Lobo destaca como tornar os ambientes familiar e escolar mais harmônicos e recomenda que todos pratiquem a escuta ativa.

“Precisamos de fala e escuta cuidadosas. Escutar não significa concordar, mas prestar atenção ao que o outro fala”, diz a terapeuta, que também atribui à dificuldade de convivência nas escolas muitos episódios de violência. “Muitos episódios de violência nas escolas estão ligados à exclusão da criança ou do adolescente, amplificada pelas redes sociais. E eles encontram nas redes o pertencimento, ficando na bolha dos que sofrem bullying, alimentando a vitimização. Isso está criando uma postura de revanchismo e ataques”.

O segundo capítulo foca na convivência em família. Muitas vezes, entre parentes, não somos cuidadosos na fala e extrapolamos limites porque temos certeza do afeto que nos cerca. A psicanalista e escritora Elisama Santos chama a atenção para a importância da comunicação não-violenta dentro de casa e também na internet.

“A comunicação passa pelo tom da voz, pelo ritmo da fala. Uma mesma frase pode ter a interpretação de vários tons. Precisamos lembrar que a interpretação que damos ao que estamos lendo pode não ser a realidade, precisamos checar, realmente, se aquilo que interpretamos está correto”.

Segundo Ana Carolina de Medeiros, coordenadora pedagógica do LIV, os problemas de convivência se acentuaram após a pandemia de Covid 19. As famílias foram obrigadas a rever suas relações, sentimentos e espaços no ambiente compartilhado de suas casas. Crianças e adolescentes perderam o convívio físico com o meio escolar. “Os alunos voltaram ao convívio escolar com muitos questionamentos e a falta de respeito por regras. Foi uma espécie de desaprender a conviver”, ressalta.