Internacional

Reino Unido prende cinco supostos espiões russos

Acusados foram detidos após uma grande operação em Londres, que apreendeu documentos de identificação falsos de várias nacionalidades diferentes

Agência O Globo - 15/08/2023
Reino Unido prende cinco supostos espiões russos
Reino Unido prende cinco supostos espiões russos - Foto: Reprodução

Cinco suspeitos de espionagem para a Rússia foram presos em uma grande operação no Reino Unido em fevereiro, revelou a rede britânica BBC nesta terça-feira. Três dos acusados, todos búlgaros, foram detidos pela unidade antiterrorismo da Política Metropolitana de Londres portando documentos de identificação falsificados de diferentes nacionalidades. As autoridades britânicas afirmam que o trio vivia há anos no país e trabalhava para o serviço secreto russo.

Os três acusados revelados pela BBC — Orlin Roussev, 45 anos; Bizer Dzhambazov, 41 anos; e Katrin Ivanova, 31 anos — devem ir a julgamento no Tribunal Central Criminal (Old Bailey), em Londres, em janeiro. O trio foi detido após investigações por suspeita de infringir a Lei de Segredos Oficiais de 1911, que criminaliza a espionagem contra os interesses e a segurança nacional, e também pela posse de documentos de identificação falsos com "intenção imprópria". Eles ainda não se pronunciaram sobre as acusações.

Os documentos apreendidos incluem passaportes e carteiras de identidade do Reino Unido, Bulgária, França, Itália, Espanha, Croácia, Eslovênia, Grécia e República Tcheca.

De acordo com as autoridades, Roussev morava em uma pousada à beira-mar em Great Yarmouth, no condado de Norfolk, no leste da Inglaterra, e que Dzambazov e Ivanova residiam no distrito londrino de Harrow.

Segundo a BBC, Roussev tinha um histórico de negócios na Rússia. Ele se mudou para o Reino Unido em 2009 e passou três anos trabalhando em uma função técnica em serviços financeiros. Um relatório do setor o chamou de "engenheiro de rede e desenvolvedor de software talentoso". Anteriormente, ele era responsável pela "entrega de uma ampla variedade de projetos de tecnologia na Europa Oriental", de acordo com o documento.

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No LinkedIn, o perfil de Roussev não apresenta foto, mas revela que ele dizia ser proprietária da extinta empresa NewGenTech Ltd, especializada em "inteligência artificial, sistemas e algoritmos avançados de indexação, sistemas avançados de comunicação... e tecnologias de alta frequência e processamento de sinais". Ele também se descreve como um antigo consultor do Ministério da Energia da Bulgária na rede profissional.

No distrito londrino de Harrow, Dzambazov e Ivanova são descritos por vizinhos como um casal. Enquanto ele é motorista hospitalar, Ivanova se apresenta no LinkedIn como assistente de laboratório em uma empresa privada. A dupla se mudou para o Reino Unido há cerca de uma década e comandava uma organização comunitária voltada para a comunidade búlgara no país.

De acordo com documentos públicos, o casal também já atuou em comissões eleitorais em Londres que facilitam a votação em eleições búlgaras por cidadãos que vivem no exterior.

As autoridades do Reino Unido — um importante aliado da Ucrânia na guerra contra a invasão da Rússia — expressaram preocupação com as crescentes ameaças da Rússia à segurança nacional após episódios notórios envolvendo oficiais de inteligência do Kremlin. Nas últimas semanas, o país ampliou as sanções contra Moscou para barrarem fornecedores estrangeiros que apoiem o esforço de guerra do Kremlin.

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Em 2018, agentes russos tentaram assassinar o ex-agente duplo Sergei Skripal e sua filha Yulia em Salisbury, Wiltshire, usando a mortal arma química Novichok. As vítimas foram hospitalizadas e quase morreram. Após o episódio, a então primeira-ministra britânica, Theresa May, expulsou 23 diplomatas russos de ser cargos por suspeita de espionagem. No mesmo ano, Dawn Sturgess, uma moradora de Wiltshire sem ligação com Skripal, morreu após ter sido exposta ao Novichok que havia sido deixado em um frasco de perfume.

Em 2006, Alexander Litvinenko, ex-oficial da inteligência russa, foi morto em Londres após ser envenenado por espiões que trabalhavam para o Estado russo. Todas as três agências de espionagem da Rússia estiveram envolvidas em operações no Reino Unido.