Internacional
Ucrânia sofre escassez de homens e equipamentos para limpar linha de frente: 'país mais minado do mundo'
Número de engenheiros de combate nas Forças Armadas ucranianas não chega nem perto do suficiente, com diversas baixas, segundo ministro da Defesa
Em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022, a Ucrânia tornou-se o país mais minado da Terra e seu exército está sofrendo com uma escassez crítica de homens e equipamentos capazes de limpar as linhas de frente, em meio a uma contraofensiva ucraniana, disse o ministro da Defesa do país ao jornal britânico The Guardian, citando pesadas baixas nas brigadas de engenharia.
— Hoje, a Ucrânia é o país mais minado do mundo. Centenas de quilômetros de campos minados, milhões de artefatos explosivos, em algumas partes da linha de frente há até cinco minas por metro quadrado — disse Oleksii Reznikov.
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Especialistas acreditam que cerca de 30% do território ucraniano pode estar contaminado com minas terrestres ou restos de munições não explodidas, embora seja impossível chegar a um número preciso ou mapear esses artefatos com precisão, afirmam.
Segundo Pete Smith, gerente do programa de remoção de minas da ONG Halo, na Ucrânia, levaria ao menos uma década para limpar uma área deste tamanho — mais de 200 mil quilômetros quadrados — com 10 mil desminadores. A Halo tem 900, em grande parte de origem local, trabalhando na Ucrânia e planeja ter 1.200 especialistas treinados operando no país até o final do ano.
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Do mesmo modo, o número de engenheiros de combate nas Forças Armadas ucranianas não chega nem perto do suficiente para atuar na vasta frente de batalha de 1.000 km de extensão, com unidades de limpeza de minas sendo alvo de fogo pesado pelas tropas russas, disse Reznikov ao Guardian.
— Os campos minados russos são um sério obstáculo para nossas tropas, mas não intransponíveis. Temos engenheiros de combate qualificados e equipamentos modernos, mas são extremamente insuficientes para a frente que se estende por centenas de quilômetros no leste e no sul da Ucrânia — explicou o ministro da Defesa.
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Algumas das minas espalhadas pelo país foram colocadas por forças ucranianas para proteger suas próprias linhas defensivas, mas a grande maioria é russa.
Baixas mais valorizadas
A Ucrânia tem cinco batalhões de engenharia, divididos em 200 brigadas, que em maio, antes do início da contraofensiva deste ano, eram compostas por 30 homens cada. Mas, segundo informações coletadas pelo Guardian na frente de batalha, o número de desminadores ativos agora é significativamente menor — a morte de engenheiros de combate e oficiais é considerada a mais valorizada pelas forças russas.
— No atual estágio de nossa campanha de desocupação, precisamos urgentemente de mais equipamentos de remoção de minas, desde redes de arrasto de varredura de minas até torpedos de Bangalore — acrescentou Reznikov.
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Funcionários do Ministério da Defesa em Kiev sugeriram que havia uma oportunidade para países como o Japão, que não desejam fornecer ajuda letal, apoiarem com equipamentos e treinamento para remoção de minas.
Minas terrestres convencionais direcionadas a veículos inimigos são permitidas, mas dispositivos antipessoal que buscam mutilar ou matar humanos são proibidos pelo Tratado de Ottawa, assinado em 1997 por mais de 160 países. A Ucrânia é signatária da convenção, mas grandes potências como Rússia, China e Estados Unidos não.
Avanços no leste e sul do país
A Ucrânia reivindicou nesta segunda-feira ganhos no leste e no sul do país, um pequeno progresso em sua contraofensiva lançada há dois meses para libertar territórios ocupados pela Rússia.
Esses avanços foram anunciados ao mesmo tempo em que a Rússia divulgava o progresso na região leste de Kharkov, minando a antecipada campanha de Kiev.
Os militares russos disseram que suas forças repeliram seis ataques e contra-ataques no nordeste da Ucrânia e atacaram instalações onde drones marinhos eram produzidos à noite.
Por seu lado, Kiev admitiu que os passos contra as forças russas são lentos, como na devastada cidade de Bakhmut, no leste, tomada pelas tropas de Moscou em maio.
— No setor de Bakhmut, 3 km2 foram liberados na semana passada. No total, 40 km2 já foram liberados no flanco sul do setor de Bakhmut — disse Ganna Maliar, vice-ministro da Defesa ucraniano.
Na frente sul, onde as forças ucranianas buscam pontos fracos nas linhas de defesa russas formadas por campos minados, trincheiras e armadilhas antitanque, Maliar não deu detalhes, mas indicou avanços.
E na região de Kherson (sul), o vice-ministro relatou "ações" de "certas unidades" da Ucrânia na margem oriental do Dnipro, de onde o exército russo se retirou em novembro de 2022, fazendo do rio a linha de frente.
— Não podemos dar detalhes, mas realizamos essas ações. Para consolidá-las, o inimigo deve ser desalojado e o território liberado — acrescentou.
Também nesta segunda-feira, o presidente Volodymyr Zelensky visitou o front leste, na região de Donetsk, para se reunir com as tropas ucranianas que lutam na contraofensiva contra o Exército russo.
"Visitei a 22ª brigada" e "discutimos com o comandante os problemas dos soldados e as propostas para resolvê-los", escreveu o presidente no Telegram. (Com AFP)
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