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Ataque com drones a navio russo no Mar Negro foi 'bem-sucedido', afirmam ucranianos; Rússia nega

Imagens na internet mostram embarcação tombada no porto; segundo o Ministério da Defesa russo, barcos não tripulados foram detectados e destruídos antes de chegarem à base

Agência O Globo - 04/08/2023
Ataque com drones a navio russo no Mar Negro foi 'bem-sucedido', afirmam ucranianos; Rússia nega

O Serviço de Segurança da Ucrânia e a Marinha do país realizaram um ataque conjunto com drones contra um importante porto controlado pela Rússia no Mar Negro, informaram autoridades militares ucranianas sob anonimato nesta sexta-feira, classificando a operação como "bem-sucedida". Imagens e vídeos que circulam na internet mostram um grande navio anfíbio da frota russa danificado pelo ataque, mas Moscou, por sua vez, alega que não houve danos e que todos os drones foram neutralizados antes de chegarem à base. Também houve ataques na Península da Crimeia, em um momento de intensificação das operações da Ucrânia em território russo.

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Ao ser questionado se a Ucrânia havia atacado o navio Olenegorski Gorniak, uma das três fontes respondeu à AFP que "esse navio de guerra em particular era o alvo". Imagens mostram a embarcação, um navio de desembarque da classe Ropucha, aparentemente tombando, enquanto rebocadores tentam trazê-lo para o porto.

O navio é do mesmo tipo visto sob ataque em um outro vídeo capturado por um drone naval, divulgado por blogueiros militares russos. Depois que o vídeo começou a circular, o chefe da Crimeia nomeado pela Rússia, Oleg Kryuchkov, criticou os blogueiros por permitirem que a Ucrânia visse "os resultados de seu ataque", segundo o jornal New York Times.

Mais cedo, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que havia repelido os ataques na região. "Durante a noite, as Forças Armadas ucranianas, com a ajuda de dois barcos sem tripulação, tentaram atacar a base naval de Novorossiysk", no sul da Rússia, anunciou a pasta no Telegram. "Os botes sem tripulação foram detectados visualmente e destruídos por disparos dos navios russos que protegiam a base", acrescenta a nota.

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A Ucrânia, contudo, não reivindicou abertamente a responsabilidade pelo ataque em Novorossiysk, com um porta-voz da Marinha ucraniana dizendo que "não tinha nada a ver" com isso. Kiev mantém uma política de ambiguidade deliberada sobre os ataques dentro da Rússia, mas autoridades ucranianas, incluindo o presidente Volodymyr Zelensky, têm sinalizado que mais ataques dentro das fronteiras da Rússia aconteceriam em breve.

Novorossiysk é um importante porto de petróleo que abriga o terminal de um oleoduto de mais de 1,5 mil quilômetros de extensão, que começa no oeste do Cazaquistão e passa pelas regiões russas ao norte do Mar Cáspio. A maior parte do petróleo cazaque destinado à exportação transita por esse oleoduto.

O Consórcio do Oleoduto do Cáspio, que administra a infraestrutura, afirmou que o local não sofreu danos e que o petróleo continua sendo transportado para os navios atracados no porto, apesar de uma breve interrupção mais cedo.

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Os ataques ocorrem em meio a tensões crescentes no Mar Negro. Desde a saída do acordo negociado internacionalmente que permitia a Kiev exportar milhões de toneladas de grãos, drones e mísseis russos bombardearam os portos ucranianos de Odessa, Mykolaiv, Reni e Izmail, destruindo mais de 200 mil toneladas de grãos, segundo autoridades ucranianas.

O porto é também um importante centro de embarque para os produtos agrícolas da própria Rússia. Quando Moscou concordou, no ano passado, com o acordo que permitia à Ucrânia exportar grãos, insistiu que a União Europeia (UE) esclarecesse que as sanções impostas à Rússia não afetariam Novorossiysk, permitindo que bancos, seguradoras e outras empresas participassem da exportação de grãos e fertilizantes russos sem violar as restrições.

Drones contra a Crimeia

Em um ataque separado antes do amanhecer, o porto naval russo em Feodosia, na Crimeia ocupada, foi atacado por drones aéreos de longo alcance, disse o Ministério da Defesa da Rússia, alegando ter derrubado 10 drones ucranianos e desativado mais três, sem danos.

Sem assumir abertamente os ataques, Natalia Humeniuk, porta-voz do Comando Militar ucraniano do Sul, disse a uma rádio que a frota russa do Mar Negro usa uma grande instalação de armazenamento de petróleo no porto de Feodosia e, "portanto, devemos continuar esperando explosões por lá".

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A frota russa no Mar Negro foi atacada em várias ocasiões desde o início da operação militar na Ucrânia, em fevereiro de 2022, em particular nas últimas semanas. Na terça-feira, a Rússia afirmou que impediu um ataque com drones ucranianos contra barcos de patrulha no Mar Negro, 340 quilômetros ao sudoeste de Sebastopol, a base da frota russa na Crimeia. Uma semana antes, o Kremlin anunciou que impediu uma ação similar.

Em julho, drones lançados pela Ucrânia provocaram uma explosão em um depósito de munições e danificaram uma ponte estratégica que liga a Rússia com essa península. As autoridades designadas por Moscou para a região anunciaram no domingo que 25 drones ucranianos haviam sido destruídos na Crimeia.

A Ucrânia, que iniciou uma contraofensiva em junho para tentar retomar territórios ocupados pela Rússia, com progressos modestos até o momento, afirma que tem a intenção de recuperar a Crimeia, península anexada em 2014 por Moscou.

Ministro na frente de batalha

Paralelamente aos ataques, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, viajou à zona de operação na Ucrânia para inspecionar um posto de comando e ter reuniões com alguns comandantes militares, anunciou o Exército nesta sexta-feira.

Shoigu recebeu um relatório sobre a atual situação na frente de batalha e "elogiou os comandantes e militares pelas ações ofensivas" na área Lyman, leste da Ucrânia, informou o Exército russo em um comunicado, que não revela a data da visita. (Com AFP e New York Times.)