Esportes

Conheça Anissa Lahmari, autora do gol do Marrocos e responsável por eliminar a Alemanha da Copa do Mundo

A participação de Marrocos é a primeira de um país de maioria muçulmana em um Mundial feminino

Agência O Globo - 03/08/2023
Conheça Anissa Lahmari, autora do gol do Marrocos e responsável por eliminar a Alemanha da Copa do Mundo

Em uma estreia histórica na Copa do Mundo Feminina 2023, o Marrocos mostrou sua força na primeira vez disputando o Mundial. Nesta quinta-feira, a seleção foi responsável por eliminar a Alemanha da competição ao vencer a Colômbia por 1 a 0 e garantir sua vaga às oitavas de final. As marroquinas passaram com a segunda vaga do grupo H, isso graças ao gol de Anissa Lahmari, que em meio ao nervosismo dos acréscimos do primeiro tempo, conseguiu aproveitar o rebote de um pênalti e jogou a bola direto para a rede das adversárias.

A meio-campista africana, de 26 anos, marcou sua estreia na Liga dos Campeões pelo Paris Saint-Germain, em 2015. Desde o início havia muita expectativa sobre seu talento. No primeiro jogo das quartas de final da Champions feminina, a equipe saiu vitoriosa por 2 a 0 contra a Glasgow City com um gol de Anissa.

Nas temporadas seguintes, ela foi emprestada para alguns clubes como Reading, Paris FC e ASJ Soyaux. Após os períodos de empréstimo, Lahmari se estabeleceu no Guingamp, em 2020. A França também já foi casa da jogadora, que jogou pela seleção nas categorias de base. Mas, talvez a decisão mais difícil da carreira tenha sido a de qual país defender, isso por que ela é filha de pai argelino e mãe marroquina. Após algumas semanas em um acampamento na Argélia, a jogadora bateu o martelo de que jogaria pelo Marrocos.

No embate com a Colômbia, Anissa foi eleita a melhor jogadora da partida. O momento em que as jogadoras e equipe do Marrocos comemoram a classificação gerou emoção nas redes sociais.

Marrocos teve primeira jogadora com hijab em uma Copa

A seleção africana fez História na sua estreia no Mundial. Essa foi a primeira vez que uma jogadora de futebol entrou em campo usando o hijab — vestimenta islâmica — na competição.

“Nouhaila Benzina fará história na Copa do Mundo Feminina da FIFA na Austrália e Nova Zelândia em 2023. A estrela marroquina será a primeira jogadora a competir no torneio vestindo um hijab”, postou a FIFA em sua conta oficial do Twitter.

Proibição do hijab

A participação de Marrocos na atual Copa é a primeira de um país de maioria muçulmana em um Mundial feminino. Um problema que atrasou esse desenvolvimento foi a proibição do hijab (véu islâmico) pela Fifa, entre 2007 e 2012. A entidade que governa o futebol mundial entendia que a vestimenta tanto era perigosa para as atletas e podia causar lesões, quanto servia como um símbolo religioso dentro de campo, o que é vetado.

O hijab é um símbolo da fé das muçulmanas, e, no Marrocos, seu uso é uma escolha pessoal. Em outros países, sendo obrigatório, sua proibição significava veto indireto ao futebol feminino.

Quando uma partida entre Jordânia e Irã, pelas Eliminatórias dos Jogos Olímpicos de 2012, foi cancelada pela arbitragem porque as iranianas vestiam hijabs, o assunto ganhou o debate público. As imagens das jogadoras chorando enquanto saíam de campo, segurando a bandeira do país, viralizaram. Muitos apontaram que não era justo proibi-las de jogar apenas por professarem sua fé daquela maneira.

O príncipe jordaniano Ali Bin Al-Hussein, vice-presidente da Fifa e responsável por levar o Mundial sub-17 de 2016 para o país, fez lobby para acabar com a proibição. A entidade alterou seu entendimento do uso do hijab e, assim, tornou a prática do futebol possível para mulheres em diversos países islâmicos.