Internacional

Conheça os drones usados pela Ucrânia em ataques contra a Rússia

Modelos recentes podem já ter ser sido construídos sob medida para missões de ataque

Agência O Globo - 03/08/2023
Conheça os drones usados pela Ucrânia em ataques contra a Rússia

A capital da Rússia foi alvo de ataques de drones ucranianos na madrugada desta terça-feira, o que fez este ser o segundo em dois dias. O ritmo deste tipo de conflito tem aumentado, e, à medida que novos equipamentos se tornam operacionais, bombardeios mais intensos devem ocorrer. De acordo com o “New York Times”, ao menos três tipos de drones foram usados, aparentemente originários da Ucrânia.

Podcast: os ataques com drones em Moscou e a visita russa à Coreia do Norte

'Guerra de propaganda': Rússia usa videogames para levar aos jovens mensagens de apoio à invasão da Ucrânia

Ofensiva: Rússia ataca porto ucraniano no rio Danúbio e anuncia exercícios militares no Mar Báltico

Segundo a publicação, eles são: um UJ-22 Airborne, da UKRJET; o Bober (“Castor”), do influenciador Igor Lachenkov; e o terceiro tipo, desenvolvido pelo sindicato de angariação de fundos “For Revenge” (Por Vingança), que não teve o modelo revelado. O primeiro está em serviço desde 2020, e inicialmente foi utilizado como um drone de reconhecimento com “alguma capacidade de bombardeio”. Além disso, parece ter sido designado para missões de ataque unidirecionais com carga explosiva.

É possível, no entanto, que a versão vista em Moscou seja um drone muito mais simples e mais barato do que o UJ-22. A UKRJET também fabrica munições com capacidade de espera e possui experiência neste campo. Já os outros dois são modelos mais novos, montados a partir de componentes comerciais, principalmente importados da China.

De acordo com a “Forbes”, enquanto os drones ucranianos anteriores, como os Mugin-5s, utilizavam estruturas aéreas padrão, os mais recentes parecem ser construídos sob medida para as missões de ataque. O Beaver, por exemplo, possui uma hélice impulsionada na parte traseira, o que o torna mais difícil de ser detectado por radares. A tendência, nesse sentido, é que os próximos sejam ainda mais refinados.

Além disso, a partir de agora, novos modelos serão incorporados ao arsenal. O AQ-400 Scythe, que entrará em ação ainda neste mês, é um modelo com maior capacidade, tendo o seu disparo (cuja carga útil ultrapassa os 40 kg) alcance de mais de 700 km, cerca de duas vezes mais do que os drones usados atualmente contra Moscou, além de ter sua produção "em massa" mais "acessível".

Alvos russos

De acordo com um levantamento da rede britânica BBC, até o momento, mais de 120 ataques de drones contra alvos russos foram lançados desde o início do ano, sobretudo nas regiões de Bryansk e Belgorod, perto da fronteira ocidental com a Ucrânia, além da Península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

Uma das investidas mais graves ocorreu em maio, quando drones causaram estragos a diversos edifícios na capital e um chegou a atingir um prédio no complexo do Kremlin, residência oficial do presidente Vladimir Putin na capital — algo que os russos classificaram como uma tentativa de magnicídio apesar do presidente estar em outro lugar na ocasião. Apesar de culparem Kiev pelo ataque, o governo ucraniano sempre negou ter qualquer envolvimento com o ato.

No mesmo mês, mais um suposto ataque de drone feriu pelo menos 10 soldados russos em um campo de treinamento militar na região de Voronej. Os ataques não cessaram desde então, estendendo-se para os meses seguintes. Entre eles, em junho, dois drones foram abatidos ao se aproximarem dos armazéns de uma base militar no distrito de Naro Fominsk, cerca de 50 quilômetros ao sul da capital russa. Poucos dias depois, no início de julho, cinco foram abatidos nos subúrbios de Moscou, prejudicando as operações no aeroporto internacional de Vnukovo.

Assista: vídeo mostra momento em que drone atinge Kremlin

O mesmo aeroporto foi fechado brevemente no último domingo, após a defesa russa abater drones na região de Moscou e na Península da Crimeia, em ataques que danificaram duas torres de escritórios na capital.

Nesta terça-feira, dois dias depois dos últimos ataques, o mesmo prédio comercial em Moscou foi novamente atingido, sem deixar vítimas. De acordo com o Kremlin, os dispositivos foram rapidamente neutralizados pelo sistema de defesa antiaéreo. Uma operação similar foi interceptada contra navios da Marinha russa no Mar Negro, onde as tensões vêm escalando desde a revogação do Acordo de Grãos no mês passado.

Os dispositivos teriam sido lançados de navios ucranianos, que estão proibidos de trafegar na região. Em resposta, autoridades ucranianas declararam, mais uma vez, que o país não atacou e não atacará embarcações civis no Mar Negro.

Crimes de guerra

O Kremlin, paralelamente, é com frequência acusado de mirar em infraestruturas civis ucranianas, incluindo prédios residenciais e centros de distribuição de energia e água, em sua operação militar especial, eufemismo russo para a guerra com o país vizinho.

Impressão russa: moradores de Moscou ficam em choque após raros ataques de drones a áreas civis

As convenções de Genebra, que adquiriram sua forma final após a Segunda Guerra Mundial, que estabelecem os direitos dos civis durante situações de conflito armado, vetam o ataque a infraestrutura civis mesmo em tempos de conflito. Ambos lados são acusados de crimes de guerra nos últimos 17 meses, mas as acusações contra a Rússia são significativamente mais volumosas do que as contra a Ucrânia.