Internacional
Putin envia metralhadoras, rifles antidrones e carros militares para civis na fronteira com a Ucrânia
Moscou enviou lotes de armamentos para as regiões de Kursk e Belgorod, a fim de combater 'terroristas' que atacam o país a partir do país vizinho
Vladimir Putin enviou carregamentos de armas para equipar a população civil nas regiões de Kursk e Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, alvos de incursões e ataques recentes partindo de território ucraniano, nesta quarta-feira. De acordo com autoridades russas, os grupos armados formados por civis fazem parte do plano mais amplo de defesa de Moscou contra os avanços de forças leais a Kiev contra o seu território.
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As milícias que atuam nas duas regiões de fronteira russa foram criadas em dezembro do ano passado, com o objetivo de auxiliar as Forças Armadas, a Guarda Nacional e as polícias locais na proteção do território, diante das ameaças ucraniana e de forças paramilitares russas pró-Ucrânia , que já reivindicaram ataques contra a Rússia. De acordo com a agência russa Tass, citada pelo VALOR, os civis da região receberam metralhadoras, rifles antidrones, além de veículos SUV preparados para uso militar.
Em Kursk, o governador Roman Starovoit confirmou a entrega de um "primeiro lote" de armas, e projetou a ampliação da milícia em breve, com novos envios de Moscou. A confirmação sobre o envio a Belgorod partiu da mídia estatal russa e do próprio Kremlin. Segundo Dmitry Peskov, principal porta-voz de Putin, a transferência de armas na região de Belgorod foi controlada e necessária para repelir ataques da Ucrânia.
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Embora conflitos armados estejam acontecendo no leste da Ucrânia desde 2014 — portanto, bem antes da invasão em larga escala pela Rússia em fevereiro do ano passado — ataques contra o território russo eram raros, tornando-se mais frequente nos últimos meses. Em maio, no ataque mais simbólico até aqui, o Kremlin foi bombardeado por drones.
A narrativa de Kiev sobre os ataques ao território russo foi sendo moldada ao longo do conflito, aparentemente motivada pela ameaça constante do arsenal nuclear de Moscou — que Putin repetidamente disse estar disposto a utilizar em caso de violação territorial de seu país, limitando a guerra ao solo ucraniano.
Inicialmente, incluindo nos ataques em maio, o governo de Kiev negou participação direta nos ataques, que foram reivindicados por grupos armados russos anti-Putin, que combatem pela Ucrânia, mas teriam autonomia para criar estratégias próprias contra Moscou. A incursão contra Belgorod, ainda em maio, também foi reivindicada pelo grupo.
A escalada na retórica ucraniana pode ser notada após o ataque a drone do último domingo, quando forçaram Moscou a fechar o aeroporto internacional da capital. Embora o governo ucraniano não tenha assumido o ataque, o presidente Volodymyr Zelensky apareceu publicamente para dizer que se tratava de um regresso da guerra à Rússia.
— A guerra está regressando gradualmente ao território da Rússia, aos seus centros simbólicos e bases militares, e este é um processo inevitável, natural e absolutamente justo — declarou Zelensky, à margem de uma visita a Ivano-Frankivsk , no oeste do país
Segurança interna
Os ataques contra a Rússia partindo da Ucrânia seguem dois modus operandi. Tratam-se ou de bombardeio, normalmente utilizando drones, contra alvos mais distantes da fronteira, ou de ataques por terra, limitados às províncias mais próximas, como são os casos de Belgorod e Kursk.
Mesmo sem uma efetividade militar considerável — o número de baixas ou de alvos militares atingidos não chega a ser relevante — as ações ofensivas guardam um efeito simbólico. Desde o começo da guerra, grupos rivais de Putin tentam incitar uma espécie de insurreição contra o governo do presidente, afirmando que o esforço de guerra na Ucrânia fragilizou as defesas internas do país.
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É dentro desse contexto que as milícias armadas em Belgorod e Kursk foram constituídas.
Contrariando os planos de Moscou, no entanto, a maior ameaça à segurança interna partiu de dentro do próprio país, durante o breve motim do grupo mercenário Wagner. Sem choques relevantes, a tomada de Rostov-no-Don e a marcha de cerca de 400 Km em direção a Moscou alertou autoridades russas.
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