Internacional

Trump pode ser condenado a 331 anos de prisão em três processos criminais

Ex-presidente dos Estados Unidos já acumula 78 acusações na Justiça apenas neste ano, em casos que vão de conspiração a suborno e retenção de documentos secretos

Agência O Globo - 02/08/2023
Trump pode ser condenado a 331 anos de prisão em três processos criminais
Trump - Foto: Reprodução

Ao ser processado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, na terça-feira, por tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020, o ex-presidente Donald Trump tornou-se réu em um caso criminal federal pela terceira vez apenas neste ano, somando 78 acusações contra ele — ele também é alvo de processos por suposto suborno e por manusear de forma ilegal documentos secretos quando deixou a Casa Branca. O republicano alega ser inocente, mas se fosse condenado e depois sentenciado à pena máxima para cada uma delas, teoricamente enfrentaria 331 anos de prisão.

Apelo por julgamento rápido: Promotor diz que denunciou Trump por 'ataque sem precedentes à democracia americana'

Entenda: Candidatura de Trump pode dificultar, mas não acabar com investigações da Justiça sobre ele

Na prática, contudo, é quase impossível que isso aconteça, já que os juízes raramente impõem sentenças máximas e frequentemente permitem que os réus cumpram sentenças por várias acusações simultaneamente. Mas a longa lista de acusações e penalidades serve para destacar a gravidade do perigo legal de Trump e a situação extraordinária que confronta a nação que ele deseja liderar mais uma vez, se vencer a disputa pela Casa Branca em 2024.

Veja abaixo um guia sobre os principais casos criminais, no nível federal, envolvendo o ex-presidente dos EUA:

Tentativa de reverter eleição de 2020

Status: Acusação apresentada pelo procurador especial federal Jack Smith em 1º de agosto de 2023.

Entenda: Relacionado aos esforços de Trump para manter o poder após a eleição de 2020 e o ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, sede do Legislativo americano. A extensa investigação de Smith examinou as várias maneiras pelas quais o republicano procurou permanecer no poder apesar de perder para o democrata Joe Biden, atual presidente, culminando no ataque sem precedentes ao Capitólio por uma multidão de apoiadores de Trump. Em 18 de julho, Trump e seus advogados revelaram que ele havia recebido uma carta de sinalização dos promotores federais que lideram o inquérito, sugerindo que uma acusação formal por fraude e conspiração poderia ocorrer em breve.

Retenção de documentos sigilosos

Status: Data de julgamento agendada para 20 de maio de 2024, no tribunal de Fort Pierce, na Flórida.

Entenda: O caso é relacionado ao tratamento de Trump em relação aos documentos confidenciais do governo que levou consigo ao deixar o cargo de presidente em 2021. Em junho, um grande júri federal na Flórida apresentou 40 acusações criminais contra Trump, incluindo retenção não autorizada de segredos de segurança nacional e obstrução dos esforços do governo para recuperar os arquivos. Seu assessor Walt Nauta também foi citado na acusação no mesmo mês. Três novas acusações contra o republicano foram adicionadas na semana passada. O ex-presidente teria pedido para um trabalhador de sua residência de veraneio na Flórida, em Mar-a-Lago, que apagasse imagens dos circuitos internos de segurança para obstruir a investigação sobre os arquivos em sua posse. Os promotores federais também acusaram Carlos de Oliveira, terceiro réu e funcionário da manutenção do clube privado de Trump, de envolvimento no caso.

Suborno

Status: Data de julgamento agendada para 25 de março de 2024, no tribunal estadual de Nova York.

Entenda: O ex-presidente é alvo de 34 acusações de falsificação de documentos — uma para cada registro contábil supostamente fraudulento para encobrir pagamentos ao seu ex-advogado Michael Cohen, entradas financeiras falsas na Organização Trump e cheques assinados pelo próprio Trump. Segundo a Promotoria, os registros são evidências de um amplo esquema para encobrir possíveis escândalos que prejudicassem sua imagem nas eleições de 2016. Além da atriz pornô Stormy Daniels, com quem Trump teria tido um caso extraconjugal em 2006 e subornado com US$ 130 mil para abafar a história, a Promotoria também aponta o pagamento de US$ 30 mil a um porteiro da Trump Tower que teria conhecimento sobre um filho do magnata fora do casamento, e o da coelhinha da Playboy e ex-amante Karen McDougal, que teria pedido US$ 150 mil para manter a relação que mantiveram no passado longe dos holofotes.