Brasil
Agentes celebram e fazem 'contagem de mortes' em operação em meio a relatos de tortura no Guarujá (SP): 'Hoje as pessoas vão morrer'
Ação para prender 'sniper do tráfico' que matou agente em SP deixou ao menos 10 mortos; autor do disparo foi preso
Ao menos 10 pessoas foram mortas pela polícia em Guarujá, no litoral paulista, durante a Operação Escudo, realizada após o assassinato do policial Patrick Bastos Reis, integrante das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota). Moradores relataram cenas de terror e ameaças de agentes durante a ação. Enquanto isso, policiais e ex-membros da corporação exaltaram a reação violenta das tropas. O governador Tarcísio de Freitas afirmou que "não houve excesso" na atuação da PM.
Nas redes sociais, policiais militares celebraram e fizeram a contagem das mortes em postagens que foram criticadas por outros usuários por exaltarem violações de direitos humanos. As publicações mostram cenas de agentes armados em operação no Guarujá e prints de conversas, por exemplo, nas do soldado Diogo Raniere Rodrigues Lima e do ex-PM e candidato derrotado a deputado estadual Luiz Paulo Madalhano Magalhães. Segundo a "Ponte Jornalismo", o conteúdo também passou pelas contas do cabo Silvino Martins Santos.
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"Aquele que provoca o mar não sabe a força da onda", diz uma postagem nos stories do soldado Raniere. Outro post que circulou na web tinha, ao fundo, a canção "Rotomusic De Liquidificapum", do Pato Fu, cuja letra diz que "Hoje as pessoas vão morrer. Hoje as pessoas vão matar. O espírito fatal e a psicose da morte estão no ar".
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Em outra postagem, o soldado Madalhano ironiza que a estamparia vai se tornar uma oportunidade para quem quer empreender no Guarujá, em referência a blusas com fotos de pessoas mortas em operações policiais que costumam ser usadas em protestos de parentes.
"Rota é igual Tele Sena. Resultados de hora em hora", afirma outra postagem de Madalhano.
Moradores relatam tensão
De acordo com o ouvidor Claudio Aparecido da Silva, moradores do Guarujá relataram que policiais torturaram e mataram um homem. Além disso, eles também teriam prometido matar ao menos 60 pessoas em comunidades da cidade.
— A Polícia Militar, ao que nos conta, tem dito que os policiais atuaram com câmeras corporais. Diante disso, vamos pedir essas imagens para que nada fique escondido e a gente possa verificar, através das imagens, se houve ou não ilegalidades nas ações da polícia naquele território — afirmou ele, em entrevista à GloboNews.
Na noite da última quinta-feira, Patrick patrulhava uma área próxima à comunidade da Vila Zilda quando foi atingido por disparos de um sniper. Ele chegou a ser socorrido e atendido no Pronto Atendimento da Rodoviária, mas não resistiu aos ferimentos. Um outro policial também foi baleado na mão esquerda.
Na sexta-feira, um vendedor ambulante teria sido morto com nove tiros. Segundo o G1, a família dele teria encontrado o rapaz com queimaduras de cigarro e um corte no braço. Já Erickson David da Silva, apontado como responsável pelo disparo que matou o policial, foi preso neste domingo em São Paulo.
A informação foi confirmada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Nas redes sociais, ele disse que o suspeito foi “capturado na Zona Sul de São Paulo”, e acrescentou que outros três envolvidos já estão presos. “A justiça será feita. Nenhum ataque aos nossos policiais ficará impune”, declarou ele.
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