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Titular na Copa pela primeira vez, Lelê destaca evolução da seleção: 'Bem melhor preparada'

Goleira foi pouco exigida na vitória sobre o Panamá e terá seu primeiro grande desafio no próximo sábado, contra a França

Agência O Globo - 28/07/2023
Titular na Copa pela primeira vez, Lelê destaca evolução da seleção: 'Bem melhor preparada'
Letícia Izidoro - Foto: Instagram - @leticiaizidoro94

A partir das 7h (de Brasília) de sábado, a seleção brasileira terá seu maior teste na fase de grupos da Copa do Mundo ao enfrentar a França, adversária que nunca foi derrotada pelo Brasil e que, na última edição, eliminou a seleção nas oitavas de final, em um jogo dramático na prorrogação. As duas equipes que se reencontram, no entanto, passaram por diferentes processos e mudanças nos últimos anos, e agora estão em fases de renovação. Quem passou por tudo isso foi a goleira Letícia Izidoro, a Lelê, que se prepara para seu primeiro grande desafio como titular da seleção.

— A gente não se coloca como favorita para poder ganhar contra a França, mas hoje a seleção está bem melhor preparada. A gente evoluiu bastante ao longo dos anos, e com a troca de treinador, elas estão tendo um curto tempo de adaptação para o novo modelo de jogo. Estamos há bastante tempo com a Pia, então a gente entende o modelo de jogo, se conhece dentro de campo, então a seleção está melhor preparada — avaliou a goleira em coletiva de imprensa.

Convocada para duas últimas Copas do Mundo, Lelê ficou no banco de reservas. Com a entrada de Pia no comando da seleção, a vaga, que era ocupada por Bárbara no Mundial de 2019 e nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, também passou a ser disputada pelas veteranas Lelê, Aline Reis (Tenerife-ESP) e Luciana (Ferroviária) e as menos experientes Natascha (Basel-SUI) e Lorena (Grêmio), que levou a melhor. Na preparação para a Copa América, Lelê vinha ganhando mais minutos, mas um estiramento no joelho a tirou da competição. Lorena assumiu a posição, e a escolha deu resultado: o Brasil terminou com o octacampeonato, em uma trajetória invicta e sem sofrer gols, e a arqueira do Grêmio se encaminhava para manter a titularidade no Mundial.

Em março, uma nova lesão de joelho, desta vez com Lorena rompendo o ligamento cruzado anterior (LCA), fez a jogadora sair dos planos não só da Copa, mas dos decisivos jogos de abril: a Finalíssima contra a Inglaterra e o amistoso com a Alemanha. Lelê assumiu o posto, e no jogo com as inglesas, fez quatro defesas difíceis e representou a última barreira contra o poderio ofensivo das adversárias, e o Brasil conseguiu levar a decisão para os pênaltis, também pelo mérito de toda a linha defensiva. Contra as alemãs, a seleção brasileira levou a melhor e venceu por 2 a 1, e a goleira precisou salvar duas finalizações difíceis para garantir a vitória.

Em sua segunda passagem pelo Corinthians, Lelê acumula taças e números importantes no clube. São 10 títulos: três Brasileiros, uma Copa do Brasil e uma Supercopa, duas Libertadores, e três campeonatos estaduais. Desde que voltou ao clube paulista em 2020, depois de duas temporadas no Benfica, foi sempre a goleira menos vazada do Brasileirão — no ano passado, empatada com Carlinha, do São Paulo —, número alcançado também devido a qualidade técnica do alvinegro, principal força do futebol praticado pelas mulheres no país.

Em sua estreia em Copas, na segunda-feira, quando o Brasil goleou o Panamá por 4 a 0, Lelê não precisou trabalhar muito, já que astreantes na competição só finalizaram duas vezes no alvo, e a goleira precisou se aquecer dentro da área para continuar com ritmo durante os 90 minutos. Agora, no duelo contra a França, a expectativa é de que a goleira seja bem mais exigida, já que o Brasil tem pela frente a missão de vencer pela primeira vez as Bleues. Lelê comentou sobre o fato de a zagueira e capitã Wendie Renard, que do alto de seus 1.87m tem como principal força a bola aérea, ter sofrido lesão e virado dúvida para o confronto.

— Independente de a Renard jogar ou não, a gente tem que se preparar porque a França sempre foi muito forte em bola aérea. A nossa seleção já entendeu que a gente sabe atacar, mas a gente aprendeu a defender e evoluiu muito nisso. E principalmente, não se afobar no meio da partida e virar uma bagunça. Hoje a gente tem um modelo que a gente segue, é mais organizado, e isso facilita o nosso estilo de jogo.

A experiência de estar em seu terceiro Mundial também é algo que Letícia avalia como positivo, e destaca sua própria evolução pessoal e profissional desde 2015 até agora como pontos que trazem confiança para hoje ser a goleira titular da seleção brasileira.

— A Letícia de hoje é uma Letícia madura, que evoluiu bastante, passou por duas Copas e entende o cenário. Meu crescimento foi importante para mim, para hoje eu realmente estar pronta para disputar uma Copa do Mundo, hoje eu me enxergo desta maneira. Ao longo desses anos, fui me preparando para quando surgisse [a oportunidade] e surgiu, então é estar preparada para viver isso e aproveitar o máximo.