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"Marielle, presente" na Marcha das Mulheres Negras em São Paulo

Ensaio fotográfico mostra como foi a 8ª edição do ato que tomou as avenidas do centro da capital paulista

José Cícero, da Agência Pública 27/07/2023
'Marielle, presente' na Marcha das Mulheres Negras em São Paulo

“Marielle, presente! Justiça por Marielle. Estamos perto de descobrir o mandante do assassinato”. Essas frases se repetiram nas falas de diversas mulheres negras que participaram da 8ª edição da Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, na noite de terça-feira, 25 de julho.

Ialorixás abriram a 8ª edição da Marcha das Mulheres Negras e abençoaram a multidão que se concentrava na Praça da República no centro de São Paulo

Ialorixás discursaram para a multidão que se concentrava no local

Cantoras do grupo Pastoras do Rosário também se apresentaram

Este ano, a marcha teve o tema “Mulheres negras em marcha por um Brasil com democracia. Sem racismo, sem violência, sem anistia para os fascistas. Justiça por Marielle e por Luana Barbosa, por nós, por todas nós, pelo bem viver”.

Ato pediu justiça por Marielle Franco e Luana Barbosa

A manifestação acontece todo dia 25 de julho, data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. No Brasil, desde 2014, por conta da lei 12.987 a data também marca o Dia Nacional de Tereza de Benguela, líder quilombola que viveu e liderou o Quilombo do Piolho, localizado na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, atual estado de Mato Grosso.

Artistas, ativistas, movimentos sociais, políticos e coletivos se apresentaram e discursaram no palco da Praça da República onde houve a concentração para a marcha

Artistas, ativistas, movimentos sociais, políticos e coletivos se concentraram na Praça da República, no centro da cidade. A multidão que acompanhou o ato assistiu a shows, ouviu discursos e aplaudiu cada apresentação fervorosamente, antes de caminharem pelas avenidas até a biblioteca Municipal Mário de Andrade – onde escritoras negras foram homenageadas.

Deejay Marah Soull tocou músicas de artistas negros de diversas estilos e comandou o palco montado na Praça da República para centenas de pessoas

“Historicamente, as mulheres negras são obrigadas a ir pra rua para reclamar justiça pelos seus mortos. As mães são obrigadas a ir pras ruas para salvar a honra dos seus filhos assassinados. Este dia no ano, pelo menos um, em que a gente vem pras ruas, não simplesmente para buscar justiça por um nosso que morreu, que tombou, mas pra dizer que nós temos um projeto de sociedade, que nós temos um projeto de bem viver, que esse mundo não basta pra gente”, disse a vereadora Luana Alves (PSOL-SP).

O grupo Ilú Obá de Min tocou durante todo o percurso da marcha

Grupo Ilú Obá de Min no encerramento do percurso

A ativista e coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU) em São Paulo, Regina Lúcia dos Santos, 68 anos, foi ovacionada quando subiu no palco. ” É muita dor, é muita luta é muita opressão ainda, mas nós, povo negro, temos muito a oferecer pra essa sociedade que tenta nos matar, nos calar, acabar com a nossa possibilidade de vida e nós oferecemos o bem viver. Isso não é pouca coisa, pra quem passa o que nós passamos.”

A 8ª edição da marcha encerrou em frente à biblioteca Municipal Mário de Andrade – onde escritoras negras foram homenageadas