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Único senador negro do Partido Republicano, Tim Scott cresce nas pesquisas e encosta em DeSantis nas primárias

Scott aparece empatado tecnicamente com o governador da Flórida e principal rival de Trump em estados simbólicos da corrida à Casa Branca

Agência O Globo - 26/07/2023
Único senador negro do Partido Republicano, Tim Scott cresce nas pesquisas e encosta em DeSantis nas primárias

Enquanto todos os olhares estavam voltados para a disputa entre o ex-presidente americano Donald Trump e governador da Flórida Ron DeSantis nas primárias do Partido Republicano, um candidato que está correndo por fora começa a despontar nas pesquisas de opinião. Nesta quarta-feira, Tim Scott, senador da Carolina do Sul e o único negro da legenda do Senado, aparece na terceira posição em sondagens de estados relevantes e chega a empatar tecnicamente com DeSantis em algumas delas.

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Em uma pesquisa do canal Fox Business divulgada no domingo, Scott surge como terceiro colocado em Iowa. Histórico swing state (estados que alternam entre líderes democratas e republicanos), Iowa será o primeiro local a designar, em 15 de janeiro, o representante do Partido Republicano nas eleições presidenciais de 2024. O estado, no entanto, adota um modelo diferente das primárias, chamado de caucus, cuja escolha é tomada pelos delegados em uma assembleia com votação aberta. Apesar do formato distinto, o valor é o mesmo das primárias e, para os candidatos, é simbólico se sair bem lá.

De acordo com a sondagem, Trump segue na liderança isolada com 46% das intenções de voto, seguido por DeSantis com 16%. Scott, por outro lado, aparece com 11%, empatado tecnicamente com o governador da Flórida na margem de erro de 3,5 pontos percentuais. Há, porém, a expectativa de que o senador possa ganhar tração ao longo da campanha, já que apresenta a menor rejeição entre os três e não tem sido alvo da troca de ataques travada entre o ex-presidente e seu ex-aliado.

Já em New Hampshire, onde ocorre a primeira votação no formato tradicional das primárias — similar às eleições gerais —, uma sondagem da Universidade do estado divulgada na terça também apontou Scott como terceiro colocado. Junto com Iowa, o estado é uma das principais regiões de investimento na campanha, com US$ 32 milhões (R$ 151 milhões) destinados para propagandas até janeiro de 2024.

Na Carolina do Sul, reduto republicano de peso na corrida com seus 50 delegados, a disputa é com Nikki Haley, ex-governadora do estado que aparece com 14% das intenções, atrás apenas de Trump, com 48%. As pesquisas, porém, mostram Scott colado em DeSantis, que marcou 13% contra 10% do senador.

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O desempenho surpreendente do senador atraiu os olhares de potenciais doadores importantes, como o bilionário da indústria de cosméticos Ronald Lauder, que se reuniu com Scott neste mês. Ele também já conta com o apoio de Larry Ellison, dono da Oracle e quarta pessoa mais rica do mundo segundo a revista Forbes.

Nacionalmente, Scott aparece como plano B de muitos republicanos que declararam voto em Trump ou em DeSantis, mas ainda é um nome desconhecido de grande parte do público. Mais da metade dos eleitores republicanos afirmaram em uma pesquisa recente que não conheciam o senador o suficiente.

A sua primeira oportunidade de se apresentar ao restante do país será no debate republicano de 23 de agosto. Segundo a sua gerente de campanha, o candidato atingiu o limite mínimo de doadores e pontuação nas pesquisas para estar no palco. No segundo trimestre do ano, as suas arrecadações superaram US$ 6 milhões (R$ 28 milhões) e ainda há mais de US$ 20 milhões (R$ 94 milhões) guardados para o futuro — um dos maiores orçamentos das primárias do partido.

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Tim Scott, 57 anos, lançou sua candidatura oficialmente em maio e ainda tem seis meses para cavar o seu espaço na acirrada corrida pela Casa Branca. Durante o período em que avaliou a viabilidade do seu nome em regiões-chave dos EUA, ele destacou sua fé cristã e os valores conservadores que aprendeu em um humilde lar monoparental.

Scott também vem ressaltando sua visão como o único afro-americano na bancada republicana no Senado — e um dos quatro que ocuparam tal posição na História do partido. Mas este não é o seu único marco: o republicano foi o primeiro negro eleito por um estado do sul dos EUA desde a Guerra Civil Americana (1861-1865) e o único negro que já atuou tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados.