Internacional
Agência de inteligência britânica diz que Rússia planeja bloqueio contra a Ucrânia no Mar Negro
Conselho de Segurança da ONU se reúne, nesta quarta-feira, para discutir o aumento da tensão na região após o fim do acordo de exportação de grãos ucranianos, na semana passada
A agência de inteligência militar britânica disse, nesta quarta-feira, que a frota naval russa se prepara para impor um bloqueio contra a Ucrânia no Mar Negro. O alerta veio depois de comentários recentes de autoridades do Reino Unido e dos Estados Unidos de que a Rússia poderia atacar navios civis que se aproximem dos portos ucranianos. A tensão na região escalou após Moscou desistir do acordo negociado internacionalmente que permitia a Kiev exportar dezenas de milhões de toneladas de grãos.
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A Rússia vem bombardeando portos e infraestrutura de produção e exportação de grãos da Ucrânia, quase todas as noites desde o fim do acordo, em 17 de julho. Moscou alertou que qualquer embarcação em deslocamento para a Ucrânia , ou saindo do país, estaria “em risco”. Kiev, em resposta, disse que expandiria seus esforços para combater os russos no mar.
Na terça-feira, militares russos disseram que impediram um ataque a um de seus navios de guerra por forças ucranianas usando drones navais carregados de explosivos e alertaram sobre os riscos de aumento da violência em mar aberto. A alegação russa não pode ser confirmada de forma independente. No passado, a Ucrânia usou drones marítimos para atacar navios russos no mar e no porto.
A Rússia mantém o domínio no Mar Negro, mas a Ucrânia — cuja pequena frota naval foi dizimada nos primeiros dias da invasão, em fevereiro do ano passado — buscou travar uma batalha assimétrica na água, com uso da crescente frota de drones marítimos.
Em outubro e novembro do ano passado, a Ucrânia dirigiu ataques ousados ao porto de Sebastopol, na Crimeia ocupada pelos russos desde 2014. Desde então, expandiu o alcance de sua frota de drones para atingir navios da marinha Russa no Mar Negro , de acordo com autoridades ucranianas e russas.
O último ataque ucraniano, segundo o Ministério da Defesa da Rússia, teve como alvo o navio patrulha Sergey Kotov, na noite de segunda-feira, a sudoeste de Sebastopol. Os militares russos disseram em um comunicado que repeliram o ataque e que “ambos os barcos controlados remotamente pelo inimigo foram destruídos”. O comunicado não relatou vítimas e disse que o Kotov continua em sua missão de “controlar a navegação na parte sudoeste do Mar Negro”.
A agência de inteligência militar britânica disse, na quarta-feira, que os movimentos do Kotov em torno das rotas marítimas do Mar Negro faziam parte de uma mudança mais ampla na postura naval da Rússia. “Existe uma possibilidade real de que fará parte de um grupo operacional para interceptar embarcações comerciais que a Rússia acredita estar indo para a Ucrânia”, informou a agência.
Na terça-feira, Barbara Woodward, embaixadora do Reino Unido nas Nações Unidas, disse que o país tinha informações indicando que a Rússia planejava atacar mais instalações ucranianas de armazenamento de grãos e navios civis no Mar Negro. A embaixadora não entrou em detalhes publicamente, mas seus comentários vieram depois de advertências semelhantes da Casa Branca. Michael Carpenter, embaixador dos EUA na Organização para Segurança e Cooperação na Europa, reiterou, na terça-feira, as advertências americanas de que a Rússia poderia usar minas marítimas para explodir um navio e culpar a Ucrânia pelo ataque.
O Conselho de Segurança da ONU vai se reunir, nesta quarta, pela terceira vez desde o cancelamento do acordo de livre exportação de grãos. Tanto a Rússia — que é integrante permanente do Conselho — quanto a Ucrânia pediram a nova reunião. Kiev quer que a ofensiva russa contra cidades portuárias ucranianas seja tema do encontro e a Rússia acusa o governo ucraniano de perseguir integrantes da Igreja Ortodoxa russa no país. O Conselho deve discutir as alegações russas na manhã de quarta.
Diplomatas do Reino Unido vem trabalhando junto a representantes da ONU e da Turquia — que negociaram o acordo original — para tentar restabelecer o pacto que permitia a comercialização de grãos ucranianos. Moscou impôs uma série de exigências, entre elas, a retirada de sanções internacionais contra o país.
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