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Rússia assina acordo com Belarus para transferência de armas nucleares táticas

Redação, O Estado de S. Paulo 25/05/2023
Rússia assina acordo com Belarus para transferência de armas nucleares táticas
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A Rússia assinou um acordo com Belarus nesta quinta-feira, 25, para transferir armas nucleares táticas ao país, em um aumento de tensão sobre o uso destas armas para pressionar o Ocidente. O presidente russo Vladimir Putin disse há dois meses que seria capaz de posicionar as armas até a metade deste ano, mas a declaração foi vista como blefe por analistas. Até então, não havia nenhum sinal de que o país realmente pretendia fazer isso.

Segundo a agência de notícias estatal Tass, os ministros da defesa da Rússia e de Belarus, Serguei Shoigu e Viktor Khrenin, respectivamente, se reuniram nesta quinta-feira, 25, em Minsk, capital bielorrussa, para assinatura do acordo. O documento formaliza "o procedimento para manter armas nucleares não estratégias russas em uma instalação de armazenamento especial" em Belarus, segundo o comunicado da agência. O comando sobre essas armas permanece em Moscou.

A ameaça de armas nucleares tem sido utilizada por Putin desde que ele ordenou a invasão na Ucrânia, em fevereiro do ano passado. Autoridades dos Estados Unidos afirmam que não viram nenhum esforço do país até então para mover ou empregar suas armas nucleares, mas as preocupações permanecem.

Em Moscou, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, disse que "o movimento das armas nucleares começou", mas não informou se alguma delas chegou ao país. Não se sabe se existe um cronograma para a chegada das armas em Belarus, nem quantas seriam transferidas. A instalação para armazená-las estaria pronta em 1º de julho, de acordo com afirmações de Putin.

Caso a transferência seja confirmada, será a primeira vez que a Rússia terá armas em territórios estrangeiros desde a dissolução da União Soviética, em 1991, quando possuía armas em Belarus, na Ucrânia e no Cazaquistão.

Segundo a avaliação do The New York Times, a transferência em si não afeta a ameaça nuclear já existente, porque estas armas podem atingir territórios ao redor estando na Rússia. A avaliação do analista militar bielorrusso Aliaksandr Alesin feito à Associated Press, por outro lado, observa que em Belarus eles são capazes de atingir Ucrânia, Polônia, os Estados bálticos e partes da Alemanha.

O governo dos EUA acredita que a Rússia possui cerca de duas mil armas nucleares táticas, incluindo bombas que podem ser transportadas por aeronaves, ogivas para mísseis de curto alcance e projéteis de artilharia. As armas nucleares táticas se destinam a destruir tropas e armas inimigas no campo de batalha, mas têm alcance relativamente curto e poder de destruição menor que ogivas nucleares instaladas em mísseis estratégicos de longo alcance, capazes de destruir cidades inteiras.

Resposta ao apoio do Ocidente à Ucrânia

A assinatura do acordo ocorre no momento em que a Rússia se prepara para uma nova ofensiva da Ucrânia. Autoridades russas e bielorrussas também classificaram a medida como impulsionada pelas hostilidades do Ocidente. "A implantação de armas nucleares não estratégicas é uma resposta eficaz à política agressiva de países hostis a nós", disse o ministro da Defesa bielorrusso, Viktor Khrenin,

"No contexto de uma escalada extremamente acentuada de ameaças nas fronteiras ocidentais da Rússia e de Belarus, foi tomada a decisão de tomar contramedidas na esfera militar-nuclear", acrescentou Shoigu.

Putin argumentou que, ao implantar suas armas nucleares táticas em Belarus, a Rússia segue o exemplo dos Estados Unidos, observando que os EUA têm armas nucleares baseadas na Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia.

Aliaksandr Alesin disse que cerca de dois terços do arsenal de mísseis nucleares de médio alcance da Rússia foram mantidos em Belarus durante a Guerra Fria. Elas retornaram à Rússia junto com as armas que estavam na Ucrânia e no Cazaquistão após um acordo mediado pelos Estados Unidos com a dissolução da União Soviética, em 1991. As instalações de armazenamento desta época, no entanto, ainda podem ser utilizadas, acrescentou Alesin. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)