Economia
Taxas de juros sobem com ajustes técnicos em dia de leilão grande de prefixados

Os juros fecharam em alta num mercado nesta quinta-feira muito marcado por movimentos técnicos em função do megaleilão de prefixados, o maior do ano, realizado pelo Tesouro, que teve o lote em DV01 (risco) mais elevado desde junho de 2021. Com boa parte do volume (20 milhões) concentrado na LTN 2026, as taxas do miolo da curva dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) foram as que mais subiram.
Além do leilão, o cenário externo de maior aversão ao risco ajuda também a explicar a abertura da curva, com os investidores mais inseguros sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e seus efeitos na economia.
A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 13,72% (máxima), de 13,71% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2024 voltou aos 13%, encerrando em 13,01%, de 12,86%, e a do DI para janeiro de 2025, ficou novamente acima dos 12%, em 12,02% (máxima), de 11,87%. A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 11,71%, de 11,59%.
A oferta grande de NTN-B vista na terça-feira já prenunciava o que seria o leilão de prefixados nesta quinta, mas ainda assim os 23 milhões de LTN lançados surpreenderam – na semana passada foram 11 milhões. Já a oferta de NTN-F, de 650 mil, foi bem menor do que os 2 milhões da anterior.
De todo modo, segundo a Renascença DTVM, o DV01 de ambas, de US$ 926 mil, foi o maior desde a operação de 10/06/2021, quando ficou em US$ 981 mil. Houve demanda integral pelas LTN 1/10/2023 (1 milhão), 1/10/2024 (2 milhões) e 1/1/2026 (20 milhões). O mercado também absorveu ambos os lotes de NTN-F 1/1/1029 (500 mil) e 1/1/2033 (150 mil).
Para o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier, alguns fatores explicam a agressividade das ofertas recentes. Segundo ele, entre meados de julho e começo de agosto, a curva do DI abriu bastante, dificultando as colocações, num cenário de muita incerteza com a inflação tanto aqui quanto no exterior. Porém, desde então, houve alívio nos prêmios de risco abrindo caminho para o Tesouro retomar os lotes mais expressivos. “Além disso, entramos numa janela de vencimento de papéis bastante forte, com dinheiro na praça. Então o Tesouro aproveitou essa liquidez, o momento em que as taxas baixaram e também porque tinha ficado um pouco para trás”, afirma, destacando que o segmento de renda fixa está “captando bem” e tem condições de absorver grandes quantidades.
Os DIs abriram o dia sem tendência definida, mas se firmaram em alta e batendo máximas no momento de divulgação do edital do leilão. Passada a operação, devolveram parcialmente a pressão, embora parte das taxas tenha retomado o fôlego no começo da tarde. A quinta-feira foi de cautela nos mercados em geral com os investidores avaliando como exagerada a leitura “dovish” feita na quarta-feira da ata do Federal Reserve. Com isso, a busca pela segurança dos Treasuries e do dólar deu o tom aos negócios.
No Brasil, o mercado monitorou a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no painel no Macro Day 2022, organizado pelo BTG Pactual. No evento, afirmou que o mercado entende que “o trabalho do BC em juros está praticamente feito” e repetiu que o BC fez o ajuste “mais cedo e mais rápido”.
As declarações foram lidas como mais um sinal da intenção do Banco Central de parar de subir a Selic, apesar dos reiterados alertas na seara fiscal e do reconhecimento de que os núcleos da inflação e a inflação de serviços estão rodando em níveis elevados
Autor: Denise Abarca
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