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Com orçamento reduzido para o meio-ambiente, Brasil responde por 40% do desmatamento no mundo

02/05/2022
Com orçamento reduzido para o meio-ambiente, Brasil responde por 40% do desmatamento no mundo

A gestão ambiental do governo Bolsonaro é um desastre histórico. Segundo dados divulgados esta semana pela ONG Global Forest Watch, o Brasil foi, sozinho, responsável por 40% do desmatamento registrado em todo o mundo em 2021. Em 12 meses, o país perdeu cerca de 1,5 milhão de hectares (o equivalente a 15.000 km²) de florestas tropicais primárias.

Em termos absolutos, o número fica um pouco abaixo do 1,7 milhão de hectares de florestas perdidos em 2020, mas é maior do que o registrado em 2019 e 2018. Entre os 10 maiores no ranking mundial, o desmatamento brasileiro supera a soma dos nove países que vêm a seguir (República Democrática do Congo, Bolívia, Indonésia, Peru, Colômbia, Camarões, Laos, Malásia e Camboja).

“A perda de floresta primária no Brasil é especialmente preocupante, dada a nova evidência de que a floresta Amazônica está perdendo resistência e pode estar mais perto de um ponto de inflexão do que se pensava anteriormente, onde as interações entre desmatamento, mudanças climáticas e incêndios levam à transformação irreversível de grandes áreas da Amazônia para uma savana”, diz o relatório.

Queda de investimentos

Isso é reflexo direto da destruição promovida e protegida pelo governo atual, que investe cada vez menos na defesa do meio ambiente. Segundo um estudo realizado pelo Inesc (Instituto de Estudos Sócio Econômicos), o orçamento para a área vem caindo ano a ano, tanto em verbas autorizadas como em execução financeira.

Em 2019, o orçamento previa R$ 4,32 bilhões para o ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMbio e Jardim Botânico do Rio de Janeiro, dos quais apenas R$ 3,08 bi foram executados. No ano seguinte, a verba total caiu para R$ 3,4 bi, dos quais R$ 2,99 bi foram usados. A queda se acentuou em 2021, quando o orçamento para a área ficou em R$ 3,17 bilhões, com execução de apenas R$ 2,5 bi.

Durante os incêndios no meio de 2021, diante da pressão internacional, o governo chegou a autorizar um aumento na verba para fiscalização, que era de apenas R$ 82 milhões para todo o país. Com recursos extraordinários, o total previsto chegou a R$ 236 milhões. O dinheiro, no entanto, quase não foi usado pelo Ibama. De acordo com o Inesc, foram utilizados apenas R$ 95 milhões.

Um estudo publicado no ano passado mostrou que, entre 2004 e 2012, durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, a taxa de desmatamento na Amazônia brasileira desacelerou mais de 80%, segundo dados do Inpe. Caiu de 27,8 mil quilômetros quadrados por ano para 4,6 mil quilômetros quadrados.

“Nós queremos efetivamente dizer ao mundo inteiro: não precisamos desmatar a Amazônia para plantar soja ou criar gado, o Brasil tem terras incomensuráveis para plantar sem precisar derrubar.  O que nós precisamos é convencer a sociedade de que a floresta em pé, ela pode ser mais rentável para o desenvolvimento do Brasil do que a floresta tombada”, afirmou Lula em uma entrevista recente.