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Todo mundo mente
Recentemente em conversa com um dileto amigo fui presenteado com a indicação do livro intitulado “todo mundo mente”, do escritor americano Seth Stephens, economista graduado em Harvard, uma ousada obra defensora, em suas entrelinhas, de que muito do imaginado sobre nossos semelhantes quase sempre está totalmente errado.
O motivo? Todos escondemos algo de amigos, parceiros, médicos, pesquisas e o que é pior para nós mesmos.
Já debruçado nos dizeres ali registrados, encontrei em um dos seus vários capítulos a informação que equipes de cientistas solicitaram a um grande número de usuários do facebook para expressar termos que expressassem sentimentos positivos e negativos.
Com milhões de participantes, as palavras mais altruístas, de acordo com esta metodologia, incluíram: felicidade, amor e maravilhoso, enquanto as mais desagradáveis: morte, triste e depressão. Então eles criaram um índice de humor com gigantesco banco de palavras. E assim conseguiram medir o estado de espirito médio da sociedade.
Meditando sobre a obra do autor, que também é colunista do New York Times, pensei em inúmeras pessoas com as quais convivo e lembrei quando uma delas certo dia, apesar de ser negacionista por natureza, falou mais ou menos o seguinte:
“Que Deus me livre da hipocrisia, falsidade, mentira e maldade. A vida é muito curta para perder tempo fingindo ou mentindo para mim ou semelhantes. Quero ser verdadeiro no que sou e faço. Sorrir, cantar, abraçar, beijar…ser eu.”
O mais interessante em minha ótica é que para os desconhecidos tudo expressado pelo personagem ensejava o mais alto grau de intensidade possível, chegando a enfatizar em algumas partes de sua fala que “se é para viver o farei da melhor forma possível e caso o modo que julgo não for correto, pelo menos ficará a certeza de haver tentado, tendo sido honesto comigo mesmo.”
Se a criatura que acabo de citar, “um exemplar apaixonado pelo sinistro”, adepto em rapidamente divulgar notícias ruins, fosse um dos participantes da enquete organizada pelo premiado estadunidense, teria furado o resultado do estudo, porém ratifica “in totum” a verdade de que “todo mundo mente”.
Grande parte da população mundial, segundo o compendio discutido é usuário do facebook, o verdadeiro soro digital do “me gabar para meus amigos de como meu cotidiano é bom”. No mundo de tal aplicativo, as famílias parecem perfeitas, homens e mulheres libidinosos, se apresentam como referencias, enquanto na vida real, o relacionamento conjugal é complicado, tendo até esquecido quantos anos se passaram desde o último beijo que sinceramente recebeu do parceiro.
Tanto adorei a leitura que concluo o meu texto com um dos comentários dali retirado: “uma incrível proeza – uma jornada bem escrita que ao longo do caminho, acaba pondo em evidência uma importante e nova perspectiva sobre o comportamento humano”.
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