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O crescimento do pensamento humano

Pesquisas em arqueologia da mentalidade humana costumam utilizar textos antigos como se fossem “fósseis” do pensamento humano. Estudos com mapeamento do discurso por meio de grafos vêm se expandindo, nos últimos anos. São caminhos promissores para auxiliar diagnósticos, tanto na neurociência, quanto na educação.
Apoiados em modelos matemáticos, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) investigam o desenvolvimento do pensamento humano, abrangendo um recorte temporal de 4,5 mil anos. Na primeira etapa do estudo, o objetivo foi criar modelos para medir a desorganização do discurso em pacientes portadores de esquizofrenia.
A investigação partiu de análises de grafos de 734 textos literários. Foram identificados paralelos entre o desenvolvimento da estrutura do discurso de indivíduos no período atual e o desenvolvimento dessa mesma estrutura em sociedades humanas ao longo da história.
Integram a importante pesquisa, publicada na “Trends in Neuroscience and Education”, em dezembro de 2020, textos como o “Livro dos mortos do antigo Egito”, os primeiros livros das civilizações mesopotâmicas, clássicos da cultura greco-romana, judaico-cristã, hindu, persa, medieval, chegando até a Idade Moderna e Contemporânea, incluindo a literatura publicada em blogs.
Ao avaliar os textos selecionados, os pesquisadores procuraram fazer um resgate histórico do funcionamento da mentalidade humana, identificando que registros da Idade do Bronze (2500 a 1000 a.C.) são estruturalmente similares a relatos orais de crianças alfabetizadas e indivíduos adultos com diagnóstico de psicose da atualidade. Essa similaridade envolve uma estrutura de repetição do discurso, característica da linguagem oral que é modificada com a educação formal. Isso sugere, segundo os estudiosos, que a educação formal impacta o amadurecimento cognitivo do pensamento em seres humanos, há milhares de anos.
Apesar de a linha de pesquisa com grafos não semânticos de palavras estar sendo bem aceita por muitos linguistas, as conclusões do atual estudo não são consensuais, na medida em que representam abordagens novas, que se apoiam em estudos no campo da matemática e não da linguística. É preciso alargar o diálogo entre especialistas nas duas áreas.
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