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Combate ao aquecimento global pode encarecer energia, diz dirigente do BCE
A dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel, mostrou ceticismo sobre a inflexão no comportamento dos preços de energia em meio à necessidade de transição para modelos de geração com menor emissão de gases de efeito estufa, representando um desafio para os formuladores de política monetária.
“A necessidade de aumentar a luta contra as mudanças climáticas pode implicar que os preços dos combustíveis fósseis não só terão de permanecer elevados mas também se manter em aceleração, se tivermos de atingir objetivos do Acordo de Paris”, afirmou Isabel durante a reunião anual das Associações Aliadas de Ciências Sociais (Assa, na sigla em inglês), realizada virtualmente neste sábado.
Para Schnabel, governos precisam incentivar a transição energética e ao mesmo tempo proteger os grupos mais vulneráveis do aumento dos preços de energia. “Nos bancos centrais, será preciso avaliar se a transição para energias verdes traz riscos à estabilidade de preços e em que medida desvios das metas de inflação decorrentes do aumento dos preços de energia são toleráveis”, disse ela.
A dirigente do BCE pontuou que para atingir as metas do acordo de Paris, de limitar o aquecimento médio global em 1,5º C, será preciso estabelecer rapidamente um mercado e preços globais para o carbono, citando que na Europa, onde tal mercado já existe, os preços vêm aumentando e no fim de dezembro chegavam a cerca de 90 euros, três vezes mais do que no início do ano. Tal incremento, pontuou, vem sendo sustentado não somente por políticas do bloco europeu como pelo redirecionamento de investidores a ativos considerados sustentáveis.
Isabel ponderou, entretanto, que a insuficiente capacidade de geração de energias renováveis, demanda e outros fatores como o próprio aumento dos preços do carbono, apontam para o risco de o bloco entrar em um período em que os preços da energia subirão mais. Em 2021, lembrou, a retomada da economia na Europa já levou à escalada dos preços do gás natural e da eletricidade.
“Do lado fiscal, muitos governos responderam impondo cortes de impostos, redução de preços para os mais vulneráveis para enfrentar o aumento dos preços do gás, combustíveis e energia. Medidas compensatórias são importantes, mas precisam ser desenhadas de maneira que não limitem os incentivos à redução das emissões de carbono”, afirmou a dirigente. “Os governos também não devem reduzir o ritmo da transição para energias verdes ou da diminuição de subsídios aos combustíveis fósseis”, continuou.
Autor: Clarice Couto
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