De acordo com a Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNDCA), no Brasil, a cada 24 horas, 320 crianças e adolescentes são vítimas de abuso. Com relação ao número total de estupros cometidos no território nacional, 70% são contra esta parcela da população. Além disso, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2021, mostram que, em Alagoas, 1.8 criança é vítima de abuso sexual por dia. Os números são alarmantes, mas, ainda assim, existe subnotificação dos casos.

E foi pensando no aumento das denúncias de violência sexual, que a Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS), vinculada à da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), criou o projeto RAVVS nas Escolas. O projeto será iniciado na terça-feira (9), às 16 horas, na Escola Estadual Rubens Canuto, no bairro Benedito Bentes, em Maceió.

A ideia é iniciar com 43 escolas e depois ampliar esse número para que mais alunos do Ensino Médio sejam beneficiados. O projeto RAVVS nas Escolas foi criado em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e o Ministério Público Estadual (MPE) e visa promover rodas de conversa entre alunos e professores de escolas públicas estaduais, abordando a temática violência e exploração sexual.

Camille Wanderley, coordenadora da RAVVS, ressalta a importância da informação sobre violência sexual nas escolas. “Nós sabemos que a escola é um espaço extremamente importante para que essas denúncias sejam feitas, uma vez que é a segunda rede de apoio das crianças. Para isso, a gente precisa preparar toda a equipe da escola, como também levar essa informação às crianças, para que elas possam se sentir protegidas para realizar a denúncia”, explica.

Ela afirma ainda que existem estudos mostrando que a notificação dos casos de violência sexual não representam 20% dos casos de violência que acontecem no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o abuso sexual de crianças resulta em efeitos graves na saúde, como ferimentos, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), depressão, transtornos de ansiedade e até morte.

Em crianças mais velhas do sexo feminino, isso pode resultar em gravidez indesejada e aborto inseguro, com possíveis complicações. Além disso, crianças abusadas sexualmente têm um risco maior de apresentarem problemas comportamentais e de saúde física e mental, incluindo depressão, tabagismo, obesidade, comportamentos sexuais de alto risco, uso prejudicial de álcool e drogas, além de heteroagressividade e uma maior vulnerabilidade a outras formas de violência.

Vale lembrar que, no Brasil, a notificação dos casos de violência sexual é compulsória e imediata, devendo ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao paciente.