Política
Siglas de oposição, sim, pero no mucho


Brasília – Votação do processo de impeachment de Dilma Roussef no plenário do Senado. Na foto, o senador Álvaro Dias (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Líder do Podemos no Senado, Alvaro Dias (PR) se encontrou recentemente nos corredores da Casa com o colega de partido Eduardo Girão (CE) e fez um alerta: “Você precisa tirar esse carimbo de governista que lhe deram.”
Embora seja de uma sigla que faz oposição ao presidente da República, Jair Bolsonaro, Girão é visto pelos pares como integrante da “tropa de choque” governista na CPI da Covid no Senado.
O senador cearense defendeu que a CPI se estendesse aos governadores e prefeitos, assinou o mandado de segurança pela retirada de Renan Calheiros (MDB) da relatoria da comissão e é favorável ao uso da cloroquina no tratamento da covid, “em nome da autonomia médica”.
São pautas que atendem aos interesses do presidente Jair Bolsonaro. “Ficou esse rótulo (de governista), mas meus votos mostram que tenho independência”, disse ele.
Na Câmara, o Podemos convive com um deputado que é abertamente bolsonarista: José Medeiros (MT). A atuação dele pró-Planalto constrangeu o partido, que organizou uma reunião para tratar do tema.
Foi ventilada, na ocasião, a possibilidade de liberar os parlamentares governistas para mudarem de legenda antes da janela partidária – ou seja, sem recorrer à Justiça pelo mandato.
Até o momento, porém, nada foi decidido. “Não fazemos parte da bancada governista. O Medeiros tem uma posição bolsonarista incompatível com o que prega o partido”, disse Alvaro Dias.
Procurados, Girão, Medeiros e a presidente da sigla, deputada Renata Abreu (SP), não se manifestaram.
O caso do Podemos não é o único. O PSDB adotou discurso de oposição, mas o senador Izalci Lucas (DF), líder da sigla, era, até pouco tempo, o vice-líder do governo no Senado.
Na Câmara, o deputado Aécio Neves (PSDB) chegou à presidência da Comissão de Relações Internacionais da Casa com apoio do Palácio do Planalto.
Pressão
A executiva tucana não tomou providências para orientar a bancada, mas o governador de São Paulo, João Doria, pressiona nos bastidores para que o PSDB enquadre os tucano “governistas”. “O PSDB no Congresso sempre votou favorável ao que é importante para o País”, disse Izalci.
Procurado, o presidente do partido, Bruno Araújo, não quis comentar.
O DEM tem dois ministros no governo – Tereza Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Cidadania), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), eleito com apoio do Planalto, tentou evitar a CPI da Covid.
Ainda assim, a sigla liderada por ACM Neto sustenta formalmente ser oposição e “lançou” o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta como “presidenciável” no grupo Polo Democrático. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Pedro Venceslau e Bruno Ribeiro
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