Política
Vídeo exibido durante evento em Chapecó distorce dados
Um vídeo institucional da prefeitura de Chapecó exibido nesta quarta-feira, 7, em evento com o presidente Jair Bolsonaro, distorce e omite fatos sobre o combate à pandemia no município e a adoção do “tratamento precoce” para covid-19. O vídeo foi veiculado no perfil oficial do Palácio do Planalto nas redes sociais.
No início da semana, quando disse que visitaria a cidade, Bolsonaro compartilhou o vídeo em que o prefeito João Rodrigues (PSD) mostra leitos vazios. No entanto, os índices de ocupação de UTIs em Chapecó ainda estão próximos da capacidade total. Com 544 mortes, sendo mais de 75% registradas neste ano, Chapecó tem taxa de mortos por 100 mil habitantes superior à média nacional.
Além disso, Bolsonaro e Rodrigues omitiram que a cidade adotou medidas restritivas de circulação em meio ao colapso do sistema de saúde entre fevereiro e março. O governo restringiu o funcionamento de atividades não essenciais e instaurou toque de recolher.
A prefeitura também destaca no vídeo que o número de casos ativos na cidade diminuiu de 5.555 para 392, em 30 dias. Esses dados estão, de fato, nos boletins epidemiológicos dos dias 4 de março e 5 de abril, mas relatório divulgado anteontem já mostrou um novo aumento para 606 ocorrências. Ao todo, o número de infectados na cidade subiu de 27.364 para 33.853 (alta de 23,7%), nas datas consideradas no vídeo institucional. As mortes por covid foram de 321 para 537, aumento de 67,2%.
Ainda conforme o vídeo, houve redução de mais de 50% na ocupação de vagas de UTI por chapecoenses. Boletins, no entanto, não segmentavam a origem dos pacientes até o documento divulgado ontem, quando o relatório mudou e passou a informar especificamente quantos internados são da cidade ou de outras regiões. O vídeo também omite o impacto da expansão da infraestrutura hospitalar sobre taxas de ocupação de leitos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Tiago Aguiar e Victor Pinheiro, especial para o Estadão; colaborou Luis Lopes, especial para o Estadão
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