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O homem que ousou brincar com as palavras
Tempos atrás, lendo a biografia de Steve Jobs, encantei-me com um pensamento jamais esquecido: “Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira conhecida para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder.”
A vida é assim, quando menos esperamos perdemos pessoas admiradas, que foram importantes em nossa jornada terrena. Doeu bastante tomar conhecimento da morte prematura do companheiro Ronald Cabral de Mendonça.
A última vez que nos encontramos, aconteceu em uma manhã ensolarada do mês de novembro de 2020, na sede da Academia Alagoana de Letras, como de costume, mesmo com o afastamento social, ele lá chegou, buscando saber das últimas notícias.
Folheando alguns livros expostos em prateleira ali existente, ele me falou sobre sua adoração pela leitura. Questionando-o quando passou a dedicar-se a escrever, ele respondeu que desde sempre, pois gostava de gente, animais, plantas, lugares, vinhos, papos amenos, amizade, amor de família. Acreditava que a escrita englobava isso tudo.
E como homem das letras, Ronald saiu-se muito bem, apesar de exercer a medicina, profissão de onde retirou o sustento. A literatura para ele sempre foi um deleite e como escritor sempre ousou brincar com as palavras, escrever para ele sempre foi um parque de diversões.
Logo após o seu falecimento acontecido no dia três de fevereiro passado, reli o seu último trabalho intitulado “Vadias Memórias de um Suburbano”, livro que mescla ficção com realidade e reúne diversas crônicas publicadas ao longo de sua vida
Ao novamente degustar a obra, facilmente reiterei o que já sabia: Ronald foi um cronista de primeira, que sempre haverá de encantar tantos quantos leiam seus trabalhos.
Sua paixão por sua fiel escudeira e esposa Nadja, seu eterno amor, pelos filhos, netos e o bairro de Bebedouro, são alguns dos muitos elementos expostos em diversos e emocionantes textos, entregando-se com ardor ao ofício de escrever.15
Ronald, como literato era considerado alguém que enxergava mais adiante, e talvez por isso as vezes chocava, expondo verdades e tentando sempre dizer aquilo que não podia, ou não devia, ser dito.
Como Membro da casa das casas da cultura alagoana, onde ocupou a cadeira de número 15, Ronald Cabral de Mendonça, foi atuante, presente e apaixonado pela AAL e mesmo quando em determinados aspectos a situação não estava tão boa, sempre mostrava alegria, que com certeza, servia de inspiração a muitos dos seus pares, ensejando que a situação poderia ser pior.
Por mais que passem, as pessoas valiosas permanecem no coração. Mesmo após a partida de Ronald Mendonça, a Instituição, jamais esquecerá alguém, que a muitos ensinou tantas coisas da vida, muitas delas superadas com altruísmo
Para todos, Ronald foi um amigo querido que sempre olhou para a Academia Alagoana de Letras, em todos os momentos, com muito amor e dedicação.
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