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Pelos frutos conheceremos
Lembro-me claramente das imagens das manifestações que tomaram conta de Buenos Aires no início deste ano. Manifestações essas que estavam sendo realizadas calorosamente para fazer pressão sobre os parlamentares Argentinos para legalizar o assassinato de crianças no ventre materno, também conhecido como “direito reprodutivo”, “antecipação terapêutica do parto”, “garantia fundamental”, enfim, aborto.
De todo o espetáculo, com suas coreografias, danças e cartazes, haviam algumas cenas que, francamente, gostaria de “desver”, como dizem os mais jovens. Feliz ou infelizmente, não posso e, principalmente, não devo.
Não tem como esquecer aquelas mulheres jogando futebol com uma bonequinha de plástico, como se essa fosse um pequeno bebê. É difícil apagar da memória a imagem da adolescente que, orgulhosamente, segurava um cartaz com os seguintes dizeres: as vidas que devem ser salvas não estão em nossos ventres, estão nas fazendas. Ou seja: bovinos, suínos, galináceos e similares devem ser salvos do abate, já os fetos deveriam ser abatidos no ventre materno.
Também não dá para esquecer a imagem, fotografada e distribuída pelos quatro cantos do globo, de uma menina, de aproximadamente uns 12 anos de idade, vestida de bailarina e com as cores das manifestantes, com seu pé sobre uma bonequinha nua, portando-se de forma similar a uma caçadora, exibindo-se com seu troféu caído, bonequinha essa que representaria um feto sob seu pé.
Não temos como apagar da memória a imagem das manifestantes indos às lágrimas, tamanho o regozijo delas ao ser anunciada a aprovação do famigerado projeto de lei, choravam copiosamente e abraçavam-se fraternalmente ao saberem que a vontade delas havia sido homologada pelos legisladores.
Não temos, também, como nos esquecer dos ataques literais perpetrados por feministas a inúmeras Igrejas na Argentina nos últimos anos. Ataques esses feitos em meio a um clima de histeria coletiva em misto com uma sede irascível por vandalizar os Templos, onde elas, praticamente nuas, agrediam os homens e mulheres que formavam uma corrente humana, rezando o Santo Rosário, para impedir que elas profanassem a Casa de Deus.
Doravante, tais cenas, somente foram possíveis, entre outras coisas, devido a inculcação insistente e incansável, através do sistema de ensino e da grande mídia, de concepções feministas (da chamada segunda e terceira geração), da ideologia de gênero (de Judith Butler e similares) e demais subprodutos do assim chamado marxismo cultural.
Lembremos: as ideias e ideologias inculcadas hoje nas tenras gerações inevitavelmente acabam por agitar as ruas e praças nas décadas seguintes. Não tem erro. É assim que a banda da história toca.
E o pior é vermos inúmeras pessoas não conseguindo relacionar a ideologia feminista com os frutos pútridos de sua árvore turva; e não o fazem por terem sua percepção dos fatos maculada pelo pensamento metonímico que, em resumidas contas, consiste na substituição da realidade pelo sentido emotivo e epidérmico que algumas palavras maliciosamente evocam em suas consciências, levando-as a ter um sequestro da amídala sem par.
Um exemplo muito simples disso é o uso metonímico das palavras “socialismo” e “comunismo”, onde o ouvinte desavisado, e imerso nessa modalidade de matutação, acaba pensando mais ou menos nesses termos: para ele, socialismo teria haver com social, logo seria sinônimo de socializar os bens e, consequentemente, no seu entender, isso seria uma coisa boazinha.
Tais “deduções”, obviamente, são tremendamente equivocadas por várias razões, mas, principalmente por não incluírem a experiência histórica que foi semeada, pelos signatários dessa ideologia, onde quer que eles tenham tomado o poder. Se observarmos isso, veremos com clareza cristalina que o que tivemos foi, fundamentalmente, a socialização geral da miséria e a instauração acachapante de um terror de Estado que se tornou comum a todos.
Quanto ao feminismo podemos constatar o mesmo fenômeno, o do pensamento metonímico, onde muitas pessoas acabam associando a palavra “feminismo” com a ideia de que isso seja algo que apenas existe para defender as mulheres contra o tal do “patriarcado”. E quem ousar chamar a atenção para isso, nos termos do pensamento metonímico, estaria contra as mulheres.
Bem, tal concepção metonímica é apenas possível se apartarmos a referida palavra da realidade histórica que ela encarna. Nesse sentido, penso que a leitura do livro “Feminismo – perversão e subversão”, da historiadora Ana Campagnolo, é uma leitura indispensável para compreendermos o mal que essa ideologia vem causando às mulheres e aos homens.
Enfim, toda e qualquer ideologia acaba sendo uma visão limitada da realidade e, por isso mesmo, limitante da percepção humana, pervertendo a alma de todo aquele que a coloca no lugar dos fatos e acima da verdade no altar da sua consciência. Quando isso acontece, bestialização pouca é bobagem.
Por essas e outras que apenas a verdade pode nos libertar. Somente ela e nada mais. Porém, para que isso ocorra, é imprescindível que nós a acolhamos e permitamos que ela possa demolir nosso castelinho de cartas ideologicamente marcadas e, a partir do chão da realidade, a verdade possa nos refazer como pessoas minimamente dignas, prestativas e, quem sabe, boas.
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