Economia
Taxas sobem com sinalização de Bolsonaro sobre Petrobras e renúncias fiscais
Os juros futuros fecharam o dia em alta, refletindo a piora do risco político provocada pelas declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a Petrobras e o anúncio de isenção de impostos federais para gás de cozinha e diesel num momento de crise fiscal. O avanço foi mais pronunciado nos vencimentos longos, configurando ganho de inclinação. No entanto, a percepção geral dos agentes é de que o “estrago” foi menor do que o esperado em dia de novo avanço do yield dos Treasuries, até porque o câmbio esteve surpreendentemente bem comportado, com o dólar em queda na maior parte da sexta-feira.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subiu de 3,407% para 3,435% (regular) e 3,44% (estendida) e a do DI para janeiro de 2023 passou de 5,067% para 5,145% (regular) e 5,13% (estendida. O DI para janeiro de 2025 encerrou a regular em 6,72% e a estendida em 6,69%, de 6,635% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 terminou a regular em 7,37% e a estendida em 7,33%, de 7,274%.
No fechamento da etapa regular, as taxas longas abriam cerca de 10 pontos-base, mas a expectativa era de que subissem muito mais, com Bolsonaro confirmando hoje que haverá “sim” mudanças na Petrobras, ainda que mantenha o discurso de que não vai interferir na política de preços da empresa. Ele cobrou previsibilidade nos reajustes, após a estatal anunciar aumento de 15,2% no diesel e de 10,2% na gasolina a partir de hoje. Preocupado com os impactos na inflação, anunciou isenção permanente de tributos sobre o gás de cozinha e por dois meses sobre o diesel.
A questão é que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) exige compensação com a elevação de outro tributo ou corte de subsídio, mas sobre isso o governo não se manifestou. Cálculos do diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, Felipe Salto, mostram que zerar a cobrança da alíquota de PIS/Cofins sobre o óleo diesel por dois meses significa abrir mão de R$ 3,3 bilhões. “A decisão de reduzir plenamente (zerar) os impostos federais no diesel e gás de cozinha sem cobertura por si só é negativa pela questão fiscal, pois reduz arrecadação e aumenta o déficit”, afirma a JF Trust, em relatório, destacando que são medidas consideradas “heterodoxas”.
Vinicius Alves, estrategista da Tullett Prebon, afirmou que esperava uma reação mais tensa dos mercados de câmbio e juros aos eventos de ontem, mas a curva inclinou “pouco”. “Ainda mais em função da expectativa de uma PEC mais desidratada, segundo matérias trazidas pela imprensa”, afirmou, referindo-se à proposta que vai destravar o pagamento do auxílio emergencial.
Nesta tarde, o senador Marcio Bittar (MDB-AC) entregou o relatório ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Ao Broadcast Político, o relator antecipou que o parecer estabelece gatilhos para congelar despesas na União, nos Estados e nos municípios quando os gastos atingirem 95% da arrecadação. A expectativa é de que a PEC seja votada na quinta-feira (25).
Autor: Denise Abarca
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