Alagoas
Arísia Barros: “Não temos o que celebrar na semana da Consciência Negra”


Arísia: “Quase 70% da população alagoana é parda ou preta, sendo assim o racismo estrutural permanece vivo e se renova dia após dia”
A professora, redatora publicitária, ativista preta e coordenadora do Instituto Raízes e Áfricas Arísia Barros concedeu entrevista exclusiva à Tribuna do Sertão e destacou que o povo negro não tem o que comemorar no próxima dia 20 (Dia da Consciência Negra).
Segundo a professora, o dia da consciência negra nasceu a partir de propositura do ativista gaúcho Oliveira da Silveira. “É um dia de resistência ao racismo que classificamos como estrutural impõe desmantelar, já que estamos retrocedendo de forma avassaladora nas políticas públicas para a população negra no nosso estado”, destacou.
Ainda segundo a professora, não temos nenhum representante nas Câmaras de Vereadores dos 102 municípios, na Assembleia Legislativa e em Brasília, que tenha olhar voltado para as questões raciais. “Mesmo tendo figuras negras notáveis na sua história, o simbolismo máximo do Quilombo dos Palmares carece de expressividade política para lutar pela causa negra”, observou.
Conforme informações da ativista preta, quase 70% da população alagoana é parda ou preta, sendo assim o racismo estrutural permanece vivo e se renova dia após dia, a exemplo de quando criticamos o cabelo liso de uma criança negra e observamos tal feito, configurando isso como uma prática racista.
“Infelizmente o Brasil se espelha nos Estados Unidos, como modelo para transformar a sua realidade cotidiana”, pontuou.
Na visão da ativista preta, os principais avanços são os seguintes: O povo negro já tem consciência construída, que precisa ocupar espaços de poder para exercer a representação de forma legítima, com a ocupação de vozes e espaços, assim como por conta da pandemia não há pra que comemorar o dia 20, onde foi comprovada a desigualdade cruel e perversa do que o povo negro vive no país e muitos propalam que todos os direitos são iguais para todos, o que na prática não é verdade.
Por fim, a Coordenadora do Instituto Raízes e Áfricas, enumerou os preconceitos mais comuns: suspeitar de atos ilícitos até provar o contrário pela sociedade e pelo aparelho estatal (polícia) e considerar o negro como inferior, por conta de sua situação financeira, assim como pagar salário inferior a uma pessoa branca e dizer que ele nasceu para ser escravizado.
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