Economia
Dólar fecha em R$ 5,66, novo recorde, após piora política com saída de Moro
O câmbio teve mais um dia tumultuado, que contou com oito intervenções do Banco Central, entre ofertas de recursos novos e rolagens. A saída do agora ex-ministro Sergio Moro e suas acusações a Jair Bolsonaro levaram o dólar a encostar em R$ 5,75 e o real a ser a moeda, de longe, com o pior desempenho internacional ante o dólar, considerando uma cesta de 34 moedas. Pela tarde, com nova ação do BC, a valorização da moeda perdeu um pouco de fôlego. Mesmo assim o dólar à vista fechou em novo recorde, a R$ 5,6614, com ganho de 2,40%, a maior alta porcentual desde 18 de março.
No ano, o dólar acumula valorização de 41% e o real é a moeda com pior desempenho mundial, considerando os principais mercados. A divisa que chega mais perto, entre os principais emergentes, é a África do Sul, onde o dólar já subiu 36% em 2020 e o México, com 32%. Na semana, o dólar subiu 7%.
A sexta-feira foi marcada por forte volume de negócios no mercado futuro de câmbio, chegando a US$ 27 bilhões, um dos mais altos das últimas semanas. O BC usou ao longo do dia os três principais instrumentos de ação no câmbio: oferta de swap (venda de dólar no mercado futuro); venda de moeda à vista; leilão de linha (venda à vista com compromisso de recompra). Em dinheiro novo, injetou US$ 2,8 bilhões no mercado.
A saída de Moro é muito ruim para o presidente Jair Bolsonaro, pois o ministro o acusou abertamente de corrupção e ainda traz preocupações sobre a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no cargo, avalia o economista Pedro Tuesta, responsável em Nova York pela América Latina na Continuum Economics, consultoria do economista Nouriel Roubini. Neste ambiente de maior risco político e temor com o futuro de Guedes, Tuesta não vê o dólar abaixo de R$ 5,60 no curto prazo. “Há risco de ir a R$ 6,00”, ressalta ele.
Com o crescente risco político no Brasil, os estrategistas em Nova York do Citi afirmam estar “bearish” (pessimistas) com o real. A moeda brasileira ainda é prejudicada pela expectativa de queda mais intensa dos juros, acrescentam. No caso de Moro, sua saída vai prejudicar ainda mais o governo de Bolsonaro, em um momento que o presidente já está com taxas de aprovação em queda.
O UBS avalia que Bolsonaro está se distanciando dos pilares de seu governo, inclusive a agenda liberal e que os eventos recentes aumentam a chance de pedidos de impeachment. As taxas do Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, um termômetro do risco-país, bateram em 380 pontos na tarde de hoje, ante 331 ontem, rondando níveis pré-impeachment de Dilma Rousseff.
Autor: Altamiro Silva Junior
Copyright © 2020 Estadão Conteúdo. Todos os direitos reservados.
Mais lidas
-
1ELEIÇÕES 2024 EM PALMEIRA
Com apenas R$ 85 mil de recursos em caixa, campanha de Tia Julia "torra" em combustível para carreata o que sobrou
-
2FATALIDADE
Grave acidente em Delmiro Gouveia deixa quatro mortos e dois feridos, na BR 423
-
3EDUCAÇÃO
Governo de Alagoas publica normativas para pagamento do rateio do Fundef a servidores da Educação
-
4POLÍTICA
Você sabe quantos votos são necessários para um prefeito se tornar eleito?
-
5PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO
Primeiro lote dos precatórios do Fundef será pago até o final do mês